Reunião extraordinária do Conselho de Ministros antecipa "semana de contenção". Especialistas preocupados com previsível escalada de casos pediram mais restrições, Costa acedeu.
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O Governo vai anunciar, na terça-feira, a antecipação de algumas medidas de combate à pandemia que apenas estavam previstas para a semana de 2 a 9 de janeiro, a chamada "semana de contenção". Entre elas estará o teletrabalho obrigatório, mas a lotação de espaços também vai ser reavaliada.
Assim, em vez de entrar em vigor a 2 de janeiro, o teletrabalho obrigatório vai vigorar a partir da próxima semana, com início a 27 de dezembro. Tal como já estava previsto, aplica-se às empresas em que isso seja viável. Quando se manifeste impossível, deixa de ser obrigatório. A medida consta da lista de anúncios que o primeiro-ministro fará na terça-feira, no fim da reunião extraordinária do Conselho de Ministros. A reunião estava apenas prevista para quinta-feira, mas o Governo decidiu antecipá-la para terça-feira de manhã pois vão ser anunciadas medidas "com impacto na vida das pessoas" e "convém que sejam tomadas com antecedência, tendo em vista tornar possível uma melhor preparação e adaptação", disse fonte do Governo à Lusa. A decisão de antecipar a reunião foi motivada por "propostas recebidas pelo grupo de epidemiologistas que têm apoiado o Executivo", acrescentou a mesma fonte.
Para além do teletrabalho obrigatório, que já está decidido e só carece de ratificação dos ministros, vai ser discutida a possibilidade de limitar a lotação de espaços como bares, discotecas e centros comerciais. Em cima da mesa vai estar igualmente o alargamento do prazo para as trocas e devoluções de presentes de Natal. Normalmente, este prazo é de 15 dias, mas no ano passado já foi alargado até ao fim do mês de janeiro devido à pandemia.
"Uma semana é muito tempo"
Nos últimos dias, vários especialistas têm defendido um agravamento imediato das medidas de combate à pandemia como forma de limitar o aumento do número de contágios e a mais consensual é a imposição de limites às lotações dos espaços públicos, como já vigorou no passado.
Ao JN, o pneumologista Filipe Froes, consultor da DGS, afirma que "uma semana é muito tempo numa pandemia", por isso elenca seis medidas que considera necessárias no imediato: acelerar a vacinação, uso de máscara obrigatório em espaços públicos abertos ou fechados, evitar ajuntamentos com restrições às lotações, diminuir a validade dos testes de 48 para 12 horas, aumentar a ventilação dos espaços e manter a monitorização. O antigo diretor dos serviços de Informação e Análise da DGS André Peralta Santos defendeu, no Twitter, que se encerrem "bares, discotecas, espetáculos", limitando lotações nos restantes espaços públicos fechados. Na passada sexta-feira, a pneumologista Raquel Duarte, que tem assessorado o Governo, também admitia ao JN que "provavelmente virá a fazer sentido olhar às lotações".
A disseminação da variante ómicron e o aumento do número de contágios (ontem foram 2752, mais 400 do que na última segunda-feira) estão na base das preocupações dos especialistas. Carlos Antunes, matemático e professor na Universidade de Lisboa, explica ao JN que "controlar uma onda com 5-6 mil casos é diferente de controlar uma de 12-16 mil casos: quanto maior for a incidência mais difícil e mais tempo leva a normalizar a situação". Por isso, também é a favor da antecipação das medidas e de limitar as lotações .
EMA aprova quinta vacina
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou, ontem, a comercialização na União Europeia (UE) da vacina Nuvaxovid, da farmacêutica norte-americana Novavax, contra a covid-19, para pessoas com mais de 18 anos. A autorização de entrada no mercado foi dada após a EMA ter concluído que os dados sobre a vacina eram robustos e satisfaziam os critérios da UE em termos de eficácia, segurança e qualidade. A avaliação teve início, num prazo acelerado, em 17 de novembro, sendo a Nuvaxovid a quinta vacina a receber autorização para ser comercializada na UE.