Alguém construiu um hotel, mas não quer explorar o hotel. Vem mesmo a jeito. O edifício está pronto, à espera que alguém o compre, e caiu que nem ginjas para instalar o centro de comando em que se coordena toda a operação de segurança montada em torno da peregrinação a Fátima, obviamente reforçada e complexificada pela circunstância da visita papal.
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Em ambiente sereno, dezenas de pessoas, de todos os organismos imagináveis, policiais ou não, trabalhavam em prol do êxito, que se traduz pela ausência de incidentes.
Numa das extremidades da sala está o sector denominado de "apoio à decisão". Em permanência, são ali processados e analisados dados sobre a situação que, a cada momento, é vivida no terreno, sejam os que surgem num "video-wall", da informação criminal à geo-referenciação, passando pelas imagens das câmaras de trânsito ou de segurança do santuário, sejam as emissões televisivas.
Coordenada pela GNR, sob comando do tenente-coronel Vítor Lucas, a operação passa, obviamente, por todos os oficiais de ligação presentes, de organismos que vão da Autoridade Nacional de Protecção Civil ao Serviço de Informação e Segurança, passando pela Força Aérea, Ministério Público ou Judiciária, que colaboram, igualmente, na tomada de decisões, facilmente transmissíveis, por via radiofónica, a todos os militares e agentes no terreno.
"Esta operação visa a segurança do Papa, mas, também, de todos os peregrinos", salienta o major Nunes, oficial de operações, notando que só a segurança directa das individualidades escapa ao dispositivo ali montado. No caso de Bento XVI, são os próprios agentes do Vaticano e o Corpo de Segurança Pessoal da PSP que garantem a protecção mais próxima, mas o êxito da operação liderada pela Guarda (a força de segurança com jurisdição em Fátima) pode ser medido pela ausência de trabalho dos guarda-costas.