Investigadores portugueses estão a colaborar no projeto europeu INSTABAT, que pretende desenvolver uma plataforma tecnológica para baterias de ião de lítio de veículos elétricos. Vão monitorizar em tempo real o funcionamento das baterias, de modo a aumentar o seu tempo de vida e segurança. No horizonte está, também, a possibilidade de dar uma segunda vida às baterias ou até proceder à sua autorregeneração.
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As baterias vão ser a "tecnologia de suporte fundamental" para as cidades inteligentes, defende João Lemos Pinto, do Grupo de Investigação Nanofotónica e Optoeletrónica do Laboratório Associado I3N- Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação - Universidade de Aveiro (UA), que coordena o projeto em Portugal.
"A mobilidade elétrica, os drones e outros instrumentos que as pessoas vão começar a utilizar cada vez mais, estão fortemente dependentes de dispositivos de armazenamento de energia", diz. Por isso é preciso repensar as cidades também a este nível". Vai haver uma quantidade enorme de baterias que é preciso aproveitar ao máximo, reutilizar e reciclar", sublinha João Lemos Pinto.
Com ele colaboram os investigadores Micael Nascimento, Carlos Marques e o bolseiro Luís Martins. O projeto arrancou em setembro e, desde então, procuram, através de sensores em fibra ótica, monitorizar fatores como a pressão e a temperatura.
O tempo de vida de uma bateria depende muito da sua utilização, desde o modo de condução a cargas rápidas e temperatura, pelo que os investigadores irão testar nas condições limite mais agressivas. Irão recorrer, por exemplo, a uma câmara térmica para avaliar o desempenho num ambiente que pode ir dos 30 graus negativos aos 70 positivos.
A ideia é estabelecer "um algoritmo que permita melhorar o desempenho da bateria e estender o tempo de vida útil", explica Micael Nascimento. No final de 2022 a plataforma deverá estar a funcionar e a fazer a prova de conceito.
O INSTABAT - "Innovative physical/virtual sensor platform for battery cell" recebeu um financiamento de cerca de quatro milhões de euros da Comissão Europeia. É coordenado pelo Centro de Energia Atómica e Energias Alternativas em Grenoble, França, e integra, ainda, a UA, os centros de investigação franceses CNRS e INSA, e as empresas do ramo automóvel BMW, Infineon, Faurecia e VARTA.
Insere-se no roteiro Battery2030+, uma iniciativa de pesquisa europeia em grande escala e de longo prazo que quer alcançar as baterias sustentáveis do futuro. Pretende ser mais um contributo para que a Europa atinja os objetivos ambientais previstos no European Green Deal.