Trabalhadores da Inditex em greve no Porto exigem cumprimento do contrato coletivo
Concentração este sábado junto ao NorteShopping denuncia incumprimentos laborais nas lojas Zara, Bershka, Pull&Bear e restantes marcas do grupo Inditex. Trabalhadores exigem retroativos desde 2019 e o cumprimento do descanso compensatório previsto no contrato coletivo.
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Os trabalhadores das lojas do Grupo Inditex no distrito do Porto estão em greve esta manhã de sábado, numa ação que decorre entre as 10 e as 13 horas, que visa exigir o cumprimento do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) do setor do comércio.
A paralisação, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), abrange todas as insígnias da multinacional espanhola — Zara, Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho e Zara Home — e inclui uma concentração em frente ao centro comercial NorteShopping, em Matosinhos.
Entre as principais reivindicações está o pagamento dos retroativos em dívida desde 2019 e a atribuição do descanso compensatório pelos domingos trabalhados — direitos previstos no CCT e que, segundo o sindicato, continuam a ser desrespeitados.
“Estas trabalhadoras exigem aquilo que já está previsto no contrato coletivo e que outras empresas cumprem. Desde 2019 que deviam ter direito a descanso compensatório por cada domingo trabalhado, o que continua por aplicar”, afirmou ao JN Inês Branco, coordenadora da Direção Regional do Porto, Vila Real e Bragança do CESP.
O sindicato sublinha que o trabalho ao domingo deve ser pago a dobrar e os feriados a triplicar. Embora já tenham sido feitos alguns pagamentos retroativos, o descanso compensatório continua por aplicar, o que motiva o protesto.
Segundo o CESP, a empresa recusa responder aos pedidos de reunião feitos ao longo dos últimos anos. "Tentámos, mais do que uma vez, negociar diretamente com a empresa, que se recusou a responder. A empresa continua a faturar milhares de milhões e a recusar-se a cumprir direitos fundamentais", declarou a sindicalista.
A ação de greve, ainda que parcial, pretende chamar a atenção para a situação sem comprometer totalmente o funcionamento das lojas, revelando, segundo o sindicato, a responsabilidade das trabalhadoras — a maioria mulheres — perante os seus locais de trabalho.
Fátima Correia, funcionária da Zara há 21 anos, afirma que "a greve foi o último recurso": "Já recebemos parte do que era devido, mas falta o descanso dos domingos. Tentámos o diálogo, mas nunca nos responderam.”
A paralisação abrange exclusivamente o distrito do Porto, onde vigora um contrato coletivo específico para o setor do retalho. Em outras regiões do país, que enfrentavam situações semelhantes, o cumprimento dos direitos só foi alcançado após protestos semelhantes.
O CESP não exclui novas ações se a Inditex continuar a recusar o diálogo. “É incompreensível que uma empresa com lucros de quase seis mil milhões de euros recuse cumprir a legislação laboral”, conclui a dirigente sindical.