Hélder Guerreiro, da Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, ouvido esta quarta-feira, na Assembleia da República, considerou a decisão de fechar a refinaria de Matosinhos uma "trapalhada" e perguntou se o objetivo "não será transformar o local num Parque das Nações", como existe em Lisboa.
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Na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, partidos e representantes dos trabalhadores pronunciaram-se sobre a anunciada decisão da Galp de encerrar a refinaria de Matosinhos, tendo Hélder Guerreiro classificado a opção como uma "tragédia".
Este elemento da Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, disse "não perceber porque é que a administração da Galp recusou o projeto para transformar o complexo numa biorrefinaria" e atribuiu "a candidatura a uma fração dos 9000 milhões de euros da estratégia europeia para o hidrogénio" como fator decisivo para a tomada de posição da Galp.
Referiu que a questão do hidrogénio está interligada com o "projeto H2Sines", mas antecipou que essa ideia é "megalómana e incerta". Segundo Hélder Guerreiro, os trabalhadores pretendem é "fundos europeus para aplicar na refinaria de Matosinhos".
O sindicalista Telmo Silva, da Fiequimetal, também defendeu a conversão das instalações matosinhenses num "bio complexo petroquímico" e citou casos em Itália e em Espanha, que sofreram igualmente essa "transformação, estão a laborar e reduziram as emissões" de CO2.
"Nós queremos é que o complexo continue a funcionar, criando novos postos de trabalho e riqueza para o país", afirmou, garantindo que a luta pelos empregos irá continuar.
Por parte dos partidos falou-se em "falta de transparência". Foram os casos do PAN e dos ecologistas "Os Verdes". Para Bebiana Cunha, a decisão da Galp tem "contornos pouco transparentes" e o "ambiente é usado como bode expiatório".
"Não concordamos e entendemos que a decisão da Galp tem a cobertura do ministro da Economia", adiantou a deputada do PAN. Além de apontar a "pouca transparência", Marina Silva, dos ecologistas "Os Verdes", considerou que "Governo e Galp não dão garantias da transição energética".
"É um erro enorme usar as alterações climáticas e a transição energética como ameaça aos direitos. A mim envergonha-me esta situação da refinaria, quando o Estado é o segundo maior acionista" da petrolífera, realçou a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.
Para Diana Ferreira, parlamentar do PCP, partido que tomou a iniciativa do requerimento para que o assunto fosse tratado na comissão da Assembleia da República, é "grave" a decisão do fecho. "Trata-se de um crime económico e social", sublinhou, apelando à intervenção do "Estado, que tem mecanismos para travar" o anunciado desfecho.
Hélder Guerreiro questionou o papel do PS no processo, mas o socialista Hugo Oliveira afirmou que partido "está disponível para ouvir e apoiar os trabalhadores".
Totalmente contra a opção da petrolífera manifestou-se o bloquista Pedro Soeiro. "Não tem nada de ambiental. Sem a alteração dos padrões de consumo e de produção não há ganhos ambientais. O que a Galp quer fazer preocupa-nos, pois promove a exclusão e o desemprego", sustentou.
A social-democrata Carla Barros disse que apesar de a Galp ser uma "empresa privada, uma vez que o Governo tem-se pronunciado, o PSD vai fazer uma fiscalização cada vez mais ativa, nomeadamente para perceber os dinheiros públicos e os pacotes financeiros que estão associados".