Dezenas de trabalhadores das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) juntaram-se, esta manhã em frente à sede da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), no Porto, para reivindicar melhores condições salariais. No entanto, Lino Maia, presidente da CNIS, afirma que o diálogo com o Governo está a ser "muito difícil".
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"A proposta que a CNIS apresentou não é suficiente, não faz face àquilo que são as necessidades que os trabalhadores têm e à perda do poder de compra que tiveram durante este ano", sublinhou Ana Rodrigues, representante sindical.
Os trabalhadores das IPSS que se manifestaram na tentativa de obter melhores condições salariais "não aceitam ser trabalhadores do salário mínimo, querem ser valorizados pela importância que têm no setor social", explicou Ana Rodrigues. Acrescenta que a CNIS aumentou os salários em "55 euros mas com base no salário do ano anterior", tendo "metade da tabela ficado absorvida pelo salário mínimo nacional".
O "Governo reconheceu que o salário mínimo não é suficiente e vai fazer um aumento intercalar de 1% para a função pública e social e nós não podemos permitir que haja uma discriminação entre trabalhadores privados e a função publica".
O presidente da CNIS, Lino Maia, reconheceu que o aumento previsto "é pouco" mas que "as instituições não podem mais". "O diálogo com o governo está muito difícil. Eu pedia que houvesse, da parte do Governo, um debruçar sobre as questões, a sério", sublinha.
Lino Maia relembra ainda que "o compromisso de cooperação" é de 2021/2022 e que "ainda não se iniciou a negociação de 2023/2024 e estamos em abril". O presidente da CNIS admitiu que dada à falta destas negociações, estão "um pouco à deriva". "As coparticipações públicas estão nos 38%, 39% dos custos, as dos utentes estão em 33%. Isto dá 71%, 72% dos custos. Os outros 28 onde é que nós vamos buscar? Por isso é que há 50% de instituições que estão com resultados negativos. É preciso desfazer este nó", explica.
Margem de manobra curta
Para o presidente da CNIS é extremamente importante rever o compromisso de cooperação, uma vez que em 2021/2022 a "inflação andava em 1 ou 2%" e, apesar de nessa altura já se temer que a inflação aumentasse, "nunca ninguém imaginou que estivesse como está". Explicou ainda que "o impacto da massa salarial nas despesas das instituições representa entre 65 e 75% dos custos. Um aumentozito qualquer nos salários tem logo um impacto enorme, enquanto na economia em geral a massa salarial anda nos 18%".
Lino Maia admitiu estar disponível para negociações com os sindicatos mas admitiu que "a margem de manobra é muito curta". O presidente da CNIS preferiu não falar de números mas garante que "quanto a atualizações salariais já há, mais ou menos, um acordo com alguns sindicatos".