A Comissão de Trabalhadores do Infarmed assegurou que a transferência para o Porto não consta de qualquer documento e alertou que, desde o anúncio feito na terça-feira, já se registam "impactos" na atividade da autoridade nacional do medicamento.
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No final de uma reunião com o grupo parlamentar do PSD, o coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) do Infarmed, Rui Spínola, salientou que, quer no Plano Estratégico da entidade para 2017-2019, homologado em 29 de setembro, quer da candidatura à EMA (Agência Europeia do Medicamento), entregue em 31 de julho "nada consta" sobre essa hipótese de transferência.
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"Em nenhum documento da candidatura à EMA consta qualquer menção ao facto do Infarmed ir para o Porto ou qualquer outra cidade", salientou Rui Spínola.
O primeiro-ministro, António Costa, disse, em entrevista à Antena 1, que a decisão de transferir a sede do Infarmed para o Porto já estava tomada e admitiu que a comunicação feita aos trabalhadores "não foi a melhor".
António Costa afirmou que a transferência do Infarmed estava integrada na candidatura do Porto à sede do Agência Europeia do Medicamento e era um "dos critérios para trazer para Portugal e, em concreto, para o Porto, a sede da Agência Europeia do Medicamento".
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Assegurando que nada os move contra a cidade do Porto, os trabalhadores do Infarmed entregaram ao PSD - hoje ainda terão reuniões com as bancadas do PCP e do BE e serão recebidos pela deputada do CDS-PP Teresa Caeiro - "documentos com razões objetivas do impacto que está a ter, desde o dia em que foi anunciado, para a atividade do Infarmed e para Portugal".
Instando a concretizar de que impacto fala, Rui Spínola escusou-se a adiantar pormenores, dizendo que, internamente, foram criados grupos de trabalho e que irá ser produzido um relatório final, sem adiantar data prevista para a sua conclusão.
Rui Spínola adiantou apenas que esses impactos se fazem sentir "em todas as áreas, quer financeira, quer de impacto ao nível pessoal, quer impacto na atividade".
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Ainda assim, a CT do Infarmed assegurou que a autoridade nacional do medicamento continuará a desempenhar a sua missão e considerou que a posição que têm é partilhada pelos portugueses.
Os trabalhadores do Infarmed pediram também uma audiência ao presidente da República.
Na terça-feira, o ministro da Saúde anunciou que a sede do Infarmed vai ser mudada de Lisboa para o Porto, a partir de 1 de janeiro de 2019.
O Infarmed - Agência Nacional do Medicamento tem 350 trabalhadores e mais cerca de 100 colaboradores externos que incluem especialistas, alguns deles presentes na conferência de imprensa.