Padres católicos aprendem a defender as vítimas da nova escravidão.
Corpo do artigo
O tráfico de pessoas passa pela prostituição, violência de género e imigração irregular. Muitos dos grupos de trabalhadores imigrantes, chegados a Portugal do Leste Europeu de forma maciça e irregular, foram, e são, como se sabe, vítimas de tráfico.
Mas há mais casos. Entre as vítimas, encontram-se, de facto, migrantes irregulares para trabalho, pessoas exploradas sexualmente, crianças subjugadas por familiares para a adopção, seres humanos para o comércio de órgãos, crentes manipulados para fins religiosos, pessoas e crianças exploradas por redes de mendicidade, e outros.
Conscientes do drama horrível do tráfico de seres humanos e tendo em conta que Portugal é um dos países de rota e destino desse tráfico, sabendo, por outro lado, que os agentes pastorais, particularmente os sacerdotes que se confrontam com essa realidade, não estão preparados para enfrentar tamanho drama, a Obra Católica Portuguesa de Migrações, através do recém-criado "Núcleo de Reflexão e Dinamização do Combate ao Tráfico de Seres Humanos", vai organizar uma acção de formação para padres católicos sobre esse tema, que decorrerá em 21 e 22 deste mês, na Casa dos Padres do Verbo Divino, junto à Universidade Católica, em Lisboa.
"Como estratégia fundamental do combate ao tráfico, há que potenciar a rede constituída pelas estruturas eclesiais que são um meio privilegiado de sensibilização, informação e prevenção do problema. Nesse campo, destaca-se, nas paróquias, o papel do respectivo pároco, pela centralidade que ocupa na comunidade e pelo conhecimento e contacto com todas as pessoas", refere a organização daquele evento.
Recorda-se que, no X Encontro de Formação de Agentes Pastorais das Migrações, realizado em Fátima de 15 a 17 de Janeiro deste ano, foi constituído um grupo de trabalho para as questões ligadas ao tráfico de seres humanos, composto por diversas entidades da Igreja, quer diocesanas, quer dos institutos religiosos. Esse grupo, na sua primeira reunião realizada em Lisboa a 28 de Janeiro, como forma de identificar e definir o seu âmbito de acção, decidiu intitular-se como "Núcleo de Reflexão e Dinamização do Combate ao Tráfico de Seres Humanos".
É mais um modo de a Igreja Católica, que deve ser perita em humanidade, estar ao serviço sociocaritativo dos mais frágeis, quer as vítimas das pobrezas tradicionais, quer das novas pobrezas.