O presidente do Chega acusou, esta terça-feira, PSD e CDS-PP de uma "traição profunda" à direita por terem assinado um acordo de incidência parlamentar com o PAN na Madeira, considerando que "vale tudo" para permanecer no poder.
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"Este acordo é uma traição profunda à direita", afirmou o líder do Chega numa conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, depois de ter sido divulgado que a coligação PSD/CDS-PP assinou com o PAN um acordo de incidência parlamentar que vai viabilizar uma maioria absoluta no parlamento da Madeira.
André Ventura considerou que este entendimento constitui "um dos números mais impensáveis no panorama político português em muitas décadas" e prova que "para o PSD vale tudo para manter o poder". "Faltava isto para percebermos quão degradado está o panorama da política nacional", afirmou, acusando sociais-democratas e centristas de aceitarem "vender a alma ao diabo para se manterem no poder".
O presidente do Chega apontou que este "acordo forjado à última hora" com um partido que "nada tem que ver com ideias base do PSD e do CDS" é "uma benesse para o PS".
IL acusa PSD de escolher "via mais fácil"
A IL acusou o PSD de ter optado pela "via mais fácil" na Madeira, ao fazer um acordo de incidência parlamentar com o PAN, considerando-se "desobrigada de qualquer responsabilidade" e comprometendo-se a avaliar propostas "caso a caso".
Em comunicado, o partido diz ter sido contactado "a vários níveis pelo PSD" logo na noite eleitoral, no domingo, tendo respondido que "estaria disponível para conversar, como sempre esteve" e que em "nenhum momento" faria depender um acordo de quaisquer cargos ou funções.
Face à confirmação do acordo entre a coligação "Somos Madeira" (PSD/CDS) e o PAN, "a Iniciativa Liberal considera-se desobrigada de qualquer responsabilidade" e diz que vai "honrar na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira o compromisso assumido com os seus eleitores" e terá "uma posição de avaliação caso a caso de todas as propostas discutidas".
PS diz que PSD passou "da bengala para o andarilho"
"O Partido Socialista repudia a solução de Governo encontrada para a Região Autónoma da Madeira, que passa por um acordo parlamentar alargado ao PAN, depois de a coligação PSD-CDS ter perdido a maioria absoluta nas eleições do passado domingo", lê-se na comunicação divulgada pelo partido.
A estrutura regional dos socialistas considera que o PAN está a "trair os madeirenses, dando a mão a um regime caduco, em fim de linha e sem soluções para a Madeira", diz o secretário-geral do PS/Madeira, Gonçalo Aguiar, citado no documento.
Na opinião do dirigente socialista, "este PSD [Madeira] passou da bengala (CDS) para o andarilho (PAN)", mencionando que, "a seu tempo, estes partidos acabarão por pagar a fatura desta deslealdade para com a vontade expressa pelos eleitores nas urnas".
"Uma vez mais, Miguel Albuquerque mostrou que não tem palavra, à semelhança do que tem vindo a fazer ao longo dos últimos oito anos em que esteve à frente do Governo e não cumpriu com grande parte das promessas feitas aos madeirenses e porto-santenses", sublinha Gonçalo Aguiar.