Inédito no país, o projeto permite diversificar as áreas de formação em cada região.
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A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM) iniciou esta ano letivo um projeto-piloto, inédito a nível nacional, que permite a partilha de turmas de ensino profissional nos estabelecimentos de ensino de nível não superior, por escolas dos nove concelhos da sua área de abrangência. "Se correr bem, pode ser replicado noutras zonas do país", explicou o secretário-geral da CIM-TTM, Rui Caseiro.
O despacho do secretário de Estado Adjunto e da Educação a autorizar projetos-piloto de partilha de turmas foi publicado ontem, para "diversificar o número de áreas de formação disponíveis em cada escola e em cada região", dada "a continuada e crescente redução do número de alunos naqueles territórios".
Na CIM transmontana, o projeto já está a funcionar com 20 alunos que concluíram o 9.º ano, oriundos dos concelhos de Miranda do Douro, Vinhais, Alfândega da Fé, Vila Flor e Vimioso que estão integrados neste regime de mobilidade, com aulas na escola de origem nas disciplinas base e com parte da componente prática e tecnológica a decorrer nas escolas de destino, onde existem cursos profissionais em Bragança e Mirandela.
Este projeto permite, por exemplo, que cerca de 10 alunos de Vimioso, onde não existe Ensino Secundário, possam permanecer em casa, ao contrário dos anos anteriores em que terminavam o 9.º ano e tinham que ir estudar para fora do concelho. "É um ponto de partida. É melhor do que nada, mas ainda não é o ensino secundário na sua plenitude, como é nossa reivindicação. Os alunos que não optaram pelo ensino profissional tiveram que sair de casa e ir estudar para outro concelho", disse o autarca de Vimioso, Jorge Fidalgo.
Deslocações a cargo da CIM
O projeto inscreve-se nos objetivos do Governo de "promoção do sucesso escolar e o combate ao abandono, especialmente ao nível do ensino secundário, onde se encontra o principal foco do insucesso", bem como estimula a coesão territorial, "para compensar as condicionantes negativas que afetam os territórios de baixa densidade, nomeadamente no âmbito da qualificação dos ativos e da fixação dos jovens", vinca o despacho.
Esta primeira experiência "está a ser conseguida", garantiu Rui Caseiro, para quem a missão "é que todos os jovens tenham as mesmas oportunidades na oferta profissional".
Teresa Sá Pires, diretora do Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, em Bragança, que recebe alunos de Vimioso, disse ao JN que "a partilha de alunos é uma resposta às pretensões dos estudantes, de continuarem uma parte do tempo na escola de origem".