As três crises políticas dos últimos 20 anos, que levaram a antecipação de legislativas, foram resolvidas em menos de três meses. Em média, decorreram 82 dias desde a queda de um Governo até ao dia das eleições.
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A crise mais longa
A crise política mais longa na sua resolução foi a que começou em 16 de dezembro de 2001, com o anúncio da demissão de António Guterres na noite das eleições autárquicas. As legislativas realizaram-se 91 dias depois, em 17 de março. Foi também a única durante a qual se verificou uma mudança de liderança política no PS.
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A mais curta
A mais curta foi em 2011, quando o então primeiro-ministro socialista José Sócrates apresentou a sua demissão ao chefe de Estado Cavaco Silva em 23 de março e as eleições foram em 5 de junho, ou seja 74 dias mais tarde, numa altura em que o país já tinha solicitado ajuda externa.
Por dissolução
Entre as três, a que levou à queda do Governo de Pedro Santana Lopes foi a única criada por uma dissolução do Parlamento e não por demissão do primeiro-ministro. Em 2004, entre o anúncio da dissolução da Assembleia da República pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, em 30 de novembro, e as eleições em 20 de fevereiro de 2005, passaram 82 dias.
Cenário atual
Numa transposição para a situação atual, num cenário de "chumbo" do Orçamento do Estado para 2022 já na generalidade, esta quarta-feira, caso o Presidente da República optasse por calendários semelhantes, as eleições antecipadas poderiam ocorrer entre 9 janeiro (74 dias depois) e 30 de janeiro (mais de 95 dias depois), sendo o domingo de 16 de janeiro a data mais aproximada à da média das três anteriores crises políticas (81 dias pós "chumbo" orçamental). Além de que, seria uma data que não atiraria a campanha eleitoral para cima da quadra natalícia e permitira a constituição de um novo Governo até ao final de janeiro, como Marcelo Rebelo de Sousa já anunciou que pretende.
Mínimo de 55 dias
Segundo a lei eleitoral para a Assembleia da República, em caso de dissolução, o presidente da República tem que marcar a data das eleições "com a antecedência mínima de 55 dias". A apresentação das listas de candidatos a deputados, que segundo a lei "cabe aos órgãos competentes dos partidos políticos", faz-se "até ao 41.º dia anterior à data prevista para as eleições". Ou seja, num cenário de crise política, já quarta-feira, e com eleições em janeiro, as listas teriam de ser entregues a 29 novembro (para eleições em 9 de janeiro), 6 de dezembro (para eleições a 16 de janeiro) e 20 de dezembro (num cenário de legislativas em 30 de janeiro).