
Três dos seis Kamov do Estado estão fechados num hangar em Ponte de Sor à espera de manutenção
Arquivo Global Imagens
Governo alugou três Kamov para o lugar dos helicópteros pesados do Estado, que estão parados desde janeiro, e chegam já na próxima semana. A HeliPortugal, empresa que exige à Proteção Civil 170 milhões de euros por contratos no passado, é quem vai fornecer as aeronaves.
O Governo anunciou ontem que conseguiu a contratação de três Kamov, para substituir os do Estado que estão parados. O ministro da Administração Interna garantiu que estes helicópteros pesados, de fabrico russo, chegam já na próxima, para integrarem o dispositivo de combate a incêndios, e ficam até outubro.
No Parlamento, durante uma audição sobre o combate aos incêndios florestais, Eduardo Cabrita explicou que "os Kamov alugados terão maior capacidade de transporte de água, do que aqueles que são propriedade do Estado".
O JN apurou junto de fonte estatal que o Governo recorreu à HeliPortugal para trazer para Portugal aqueles três hélis pesados. A empresa terá encontrado na Bulgária as aeronaves que pretendia, com maior capacidade do que os seis que foram compradas pelo Estado português, em 2006 por 41 milhões de euros. Junto com estes Kamov vêm também as tripulações, que não falam português.
A Proteção Civil recorreu à HeliPortugal, apesar do diferendo que a empresa mantém com o Estado por causa dos Kamov públicos. Desde 2015, que a HeliPortugal exige ao Estado 177 milhões de euros, depois do então ministro do PSD, Miguel Macedo, ter cancelado o contrato de operação com a empresa e entregado os hélis à Everjets. O JN sabe que a HeliPortugal e o Estado já vão na sua quarta arbitragem de conflito e ainda não conseguiram chegar a um acordo.
Quanto aos Kamov do Estado, as aeronaves estão num processo de transição da Everjets para a Proteção Civil, depois de terem sido seladas num hangar de Ponte de Sor por supervisores da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), em março. Na origem deste caso esteve a suspeita da ANPC de que estariam a ser tiradas peças dos Kamov pela empresa Heliavionics, subcontratada pela Everjets para realizar a manutenção das aeronaves.
Desde então, a Everjets exige ao Estado 40 milhões de euros pela situação criada e avançou para a Justiça por incumprimento contratual. Há uma semana, num comunicado, esta empresa acusou a Proteção Civil de "financiar-se com os montantes que não pretendia pagar pelo contrato celebrado com esta sociedade [Everjets] para alugar outros meios aéreos em procedimentos de contratação pública simplificados e sem recurso a concurso público".
Os três Kamov do Estado estão parados desde janeiro. Já os outros três que vieram do mesmo lote da Rússia, em 2006, estão inoperacionais.
