
"Transparência e discrição parecem dois adjetivos inconciliáveis, mas Nunes Liberato, chefe da Casa Civil de Cavaco Silva nos seus dois mandatos em Belém, garante que não só são combináveis como esse casamento é altamente desejável.
Para o economista de 64 anos, essa é a marca de água do presidente que tomou posse pela primeira vez faz hoje exatamente dez anos.
"Há uma matriz comum neste período, que decorre da própria maneira de trabalhar do presidente e que se pauta pela ausência das permanentes fugas de informação a que assistimos no passado", afirma o braço direito de Cavaco Silva, de quem já fora secretário de Estado. O chefe da Casa Civil dá um exemplo concreto dessa forma discreta de operar, nomeadamente na relação entre a presidência e o governo. No caso concreto, cinco governos: os dois de José Sócrates, um com maioria; os dois de Pedro Passos Coelho, um abortado; e agora o de António Costa.
"Nos últimos dez anos houve mais de 300 diplomas do governo que foram negociados e alterados na Casa Civil, sem que nunca ninguém soubesse", orgulha-se, partilhando o mérito.
