Ser o responsável pelo produto final do "host-broadcaster" na visita a Fátima, ou seja, a emissão televisiva que repartirá o sinal por canais portugueses e Eurovisão, não é tarefa fácil.
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Que o diga Luís Salvador, responsável pela equipa de realizadores da TVI, há várias semanas dedicado à elaboração do plano que distribuirá pelo Santuário da Cova da Iria cerca de 90 profissionais, controlados a partir de um carro de exteriores.
"Enquanto que a RTP assume a responsabilidade em Lisboa e a SIC no Porto, coube à TVI Fátima. Sendo que, como o Santuário é um local simbólico a nível internacional, temos pedidos para fornecer sinal, por exemplo, à RAI (televisão estatal italiana)", começa por dizer o realizador, de 48 anos, mostrando o guião da liturgia que o ajudará na colocação dos técnicos pelo terreno.
"O facto de ser crente e conhecer a liturgia ou um incensário [o recipiente pendente onde se queima o incenso e com o qual se benze o altar] é meio caminho. Mas há que estudar muito bem o guião com os técnicos", garante, dando um exemplo no que a ausência de estratégia pode resultar. "Uma vez pedi num directo: quero imagem do fagote! E ninguém sabia o que era um fagote", lembra, soltando uma gargalhada.
Amanhã, pelas 8 horas já estará em Fátima. Ficará cinco dias longe da família - mulher e dois filhos -, com toda a equipa na cidade e as refeições garantidas num refeitório de campanha. "É importante ter um suporte familiar. Confio o papel de pai à minha mulher, a quem prometi que nunca mais iria ouvir uma coisa de que me recordo todos os dias. Depois de um período de muito trabalho, cheguei a casa e minha filha, então com 11 anos, perguntou-me: ainda moras aqui? Aquilo marcou-me muito [silêncio]", afirma, emocionado.
Não ambiciona chegar perto do Papa, tal como não esteve de João Paulo II, há 10 anos, até porque as capacidades técnicas têm os seus benefícios. "Mesmo estando num carro vou mostrar Bento XVI a 360 graus. Por isso, é como se estivesse ali, bem ao lado dele", exemplifica.
