São predominantemente públicas as escolas que apresentam piores resultados no Secundário, mas à parte esta característica não há muito mais que as una. A frieza dos rankings esconde realidades muito diversas.
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Retirando da análise as escolas portuguesas da Guiné-Bissau (618.° e último lugar) e de Díli (614.°) por estarem fora do território português, o fundo da tabela é ocupado por estabelecimentos de ensino em contextos muito diversos e de todo o país. Nos últimos dez lugares, há escolas de Lisboa (a Fonseca Benevides, a de Sacavém e a de Mães de Água /Amadora), dos Açores (Básica Integrada Mouzinho da Silveira, Corvo), da Guarda (Secundária de Vilar Formoso), do Porto (a Fontes Pereira de Melo e a Secundária de Nogueira/Lousada), de Setúbal (Baixa da Banheira/Moita) e de Évora ( Mora).
Prova de que a geografia não é decisiva é o facto de, no Porto e em Lisboa, as piores e as melhores estarem lado a lado. A Fontes de Pereira de Melo fica na mesma rua da Clara de Resende (37.°), a melhor secundária pública do Porto. Em Lisboa, a Fonseca Benevides dista mil metros da Rainha D. Amélia (43.°), a terceira entre as públicas da capital.
O exemplo do Porto é usado por Filinto Lima para enfatizar a massa crítica como o fator mais determinante para o sucesso. O Clara de Resende "é quase uma escola de elite", enquanto a Fontes Pereira de Melo é "muito mais heterogénea". "Se as escolas que estão nos primeiros lugares tivessem os alunos das escolas do fundo do tabela, certamente não teriam os mesmos resultados", sustenta o vice-presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.
A homogeneidade dos alunos é um dos fatores mais relevantes, na opinião de Paulo Guinote. O professor e autor do blogue "A educação do meu umbigo" considera, porém, o empenho da família no sucesso do aluno como o indicador mais crucial.
No caso de Lisboa, as duas escolas não podiam ser mais diferentes. A Fonseca Benevides tem cursos profissionais e é a única a nível nacional que ministra ensino à distância (maioritariamente a filhos de feirantes e de artistas circenses e a adolescentes institucionalizados). A Rainha D. Amélia, por outro lado, capta os alunos que querem entrar no Superior.
Longe dos grandes centros, a Secundária de Vilar Formoso debate-se com o baixo número de alunos (12 concluíram o Secundário no ano passado) e implementa projetos para superar as dificuldades.
