Aumento dos nascimentos incapaz de compensar excesso de mortalidade, com 2022 perto dos 125 mil óbitos.
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A tendência demonstrada pelos dados do eVM, sistema de vigilância da mortalidade em tempo real, são nesta sexta-feira confirmados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No ano passado, registaram-se 124.755 óbitos, apenas menos 430 face ao fatídico 2021, quando uma intensa vaga de covid atirou a mortalidade para números históricos em janeiro. Depois das maternidades adiadas pela incerteza criada pela pandemia, até novembro do ano passado nasceram 76.269 bebés, num crescimento de 4,7% face a 2021. Subida incapaz de inverter a trajetória negativa do saldo natural - diferença entre o número de nados-vivos e óbitos - iniciada já em 2009: nos primeiros onze meses do ano passado, estava negativo em -35.999. Mesmo comparando com anos completos, trata-se do terceiro pior registo desde, pelo menos, 1940. Pior, só 2021 (-45.220) e 2020 (-38.866).
Numa análise mais fina à mortalidade, explica o INE que o aumento verificado deveu-se, sobretudo, ao acréscimo no número de óbitos verificado de março a julho. Conforme o JN noticiou, em 2022, apenas nos meses de agosto, setembro e outubro o número de mortes ficou abaixo dos 10 mil. Sendo que em 40% dos dias do ano passado registou-se excesso de mortalidade: foram 146 dias com óbitos a mais, contra 104 em 2021. Aliás, de acordo com a informação do eVM, entre 21 de novembro e 11 de janeiro deste ano Portugal esteve sempre com sobremortalidade, num total de 52 dias consecutivos. Contando-se, nos últimos sete dias, 368 óbitos em excesso. De referir, ainda, que no ano passado a covid respondeu por 5,5% do total de óbitos, contra 9,7% em 2021.
Quanto aos nascimentos, a inversão verificada face a 2021 fica, no entanto, distante dos anos pré-pandemia. Se nos primeiros onze meses do ano passado nasceram 76269 bebés, em 2019 tinham sido 80062. Mesmo assim, permitiu desagravar ligeiramente o saldo natural do país para -35.999, que compara com -40.701 em período homólogo de 2021. Resta agora saber que impacto terão as migrações ocorridas no ano passado no saldo total, que fechou negativo em -19.578, em 2021. Depois do marco de +75,7 mil alcançado em 2020.