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Sabendo que se pode ficar fora de um curso por uma décima de ponto e que as notas dos professores são determinantes para a média do Secundário (que, por sua vez, é "meia" nota de entrada na universidade), que consequências se deve tirar da "generosidade" das escolas?
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Em média, as notas dadas pelas secundárias são 4,25 pontos superiores às dos oito exames mais frequentes. Algumas, contudo, vão muito além da fasquia. Há escolas cujos professores avaliam os alunos em mais seis ou sete pontos face à nota da prova.
Joaquim Azevedo, especialista em Educação, diz pouco mais se pode fazer quanto às escolas "que inflacionam as classificações" além de o tornar público e "deixar essas atitudes sujeitas à crítica social e das próprias famílias".
O Ministério da Educação diz que as acompanha para as "induzir" a refletir sobre a diferença, mas as próprias secundárias negam inflacionar as notas para facilitar o acesso à universidade e, no meio sindical, a resposta segue o mesmo sentido. João Rios, secretário-geral do SINDEP, lembra ser normal que as notas de exame baixem comparadas com as das aulas, onde se mede o trabalho de todo o ano e se avaliam fatores como o comportamento e a dedicação.
Em todo o caso, até quem defende o rigor das notas tem dificuldade em explicar disparidades de cinco ou seis pontos. É um "problema grave", mas que vai perdendo acuidade com o passar do tempo, diz o estudioso de Educação Charters d'Azevedo. É que a crise e a perceção "errada" de que não vale a pena estudar afastam muitos alunos das universidades, pelo que as notas de acesso tendem a descer, diz. Além disso, cresce a pressão para que as universidades tenham outros critérios de acesso, além das médias.
Mas, enquanto isso, muitas escolas continuam a reconhecer aos seus alunos muito mais valor do que o depois demonstrado no exame.
