Um ano depois, o soldado que ficou sem pernas em África ainda não usa próteses
Exército diz que soldado que perdeu as pernas em África mostra "muita força de vontade".
Corpo do artigo
O soldado português que, faz hoje um ano, perdeu as duas pernas num acidente durante uma missão na República Centro-Africana (RCA) ainda não está em condições de receber as próteses. Segundo o Exército, Aliu Camará, de 24 anos, tem revelado "resiliência e muita força de vontade" para recuperar. Residente na Amadora, recebe "acompanhamento permanente" - físico e psicológico - por parte do Exército e do Hospital das Forças Armadas de Lisboa.
11011244
Aliu Camará, de origem guineense, faz fisioterapia desde que teve alta, a 19 de novembro para que possa receber as próteses e voltar a deslocar-se sem recurso a cadeira de rodas. No entanto, segundo fonte do Exército, o corpo ainda não está apto para o fazer.
"Em qualquer doente amputado há todo um treino pré-protético que é necessário efetuar, desde a preparação dos cotos aos ganhos de amplitudes articulares e de força muscular e ao condicionamento ao esforço", revelou o Exército ao JN, adiantando que "estas condições ainda não estão todas garantidas". O período de adaptação às próteses é "muito variável" e torna-se ainda mais prolongado num doente biamputado.
O Exército garante que Aliu tem revelado "muita força de vontade para ultrapassar a morosidade" do processo e que, em casos que envolvem "trauma e lenta recuperação física", a "componente emocional é muito importante".
Familiar legalizado
O Exército não revelou se Aliu recebe apoio financeiro, mas garante que o tem acompanhado "permanentemente" a nível "médico, pessoal e administrativo-logístico". No entanto, disse ter feito "obras de acessibilidade e mobilidade" na residência do militar e que lhe assegura transporte para as sessões de fisioterapia.
Os pais de Aliu foram apoiados a nível de alojamento e transporte durante o internamento do filho, sendo que foi também agilizado o processo legalização de "um familiar próximo" do militar.
Aliu Camará é comando desde 2016 e estava em missão da ONU na RCA. Perdeu os membros inferiores num acidente de viação durante uma operação logística.
Evacuado para Portugal a 14 de junho de 2019, em outubro foi condecorado pela RCA. Tem recebido cuidados a nível de medicina física e reabilitação e de cirurgia plástica e reconstrutiva. É, tal como a família, acompanhado por dois psicólogos clínicos e a hipótese de continuar a ter funções no Exército está "em estudo".