A carência económica afeta três vezes mais a população portuguesa com menos estudos. Em Portugal, só 27,6% das habitações têm crianças.
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Um em cada cinco portugueses considera-se pobre. As dificuldades são maiores entre as mulheres e a falta de meios financeiros para suprir as despesas mensais afeta três vezes mais a população com poucos estudos do que aquela que possui licenciatura, mestrado ou doutoramento. A avaliação foi publicada ontem pelo Eurostat, que, no mesmo dia, divulgou outro estudo que mostra que só vivem crianças em 27,6% casas portuguesas. Ainda assim, Portugal está ligeiramente abaixo da média dos países da União Europeia, onde 75,7% das habitações não têm crianças.
Sem surpresa, a redução da natalidade está a agravar-se. E, em Portugal, acontece a um ritmo superior do que a média europeia (-3,3%). Em 2022, existiam menos 6,7% de habitações lusas com crianças do que em 2019 e essa diferença só é maior em Malta, na Lituânia e no Chipre. Só há um país europeu onde o número de casas com crianças aumentou: a Eslováquia. Voltando ao território nacional, quase 17% das habitações portuguesas acolhem uma criança, 9% albergam dois menores e somente 1,7% têm três crianças.
Pior nos países do sul
A baixa natalidade é não raras vezes uma consequência da perceção de que não há meios financeiros suficientes para alargar a família. Na Europa, a perceção de pobreza é maior nos países do sul do que do norte . Em Portugal, 23,4% dos residentes não têm dúvidas de que são pobres e essa carência agrava-se entre as mulheres. Quase 24% das portuguesas confessam a pobreza, enquanto essa perceção é expressa por 22,9% dos homens. Uma diferença que é comum na generalidade dos estados europeus.
As qualificações pesam na carteira. De facto, a população com maiores habilitações literárias , a partir da licenciatura até ao doutoramento, vive de forma mais desafogada do que os cidadãos com menos estudos, que apenas completaram o Ensino Básico (9.º ano). Cerca de 11% dos portugueses mais qualificados vivem na pobreza. Mas essa carência é sentido por 30% das pessoas com menos estudos.