Diminuição na testagem leva positividade a disparar, ultrapassando os 20%. Óbitos caem 20% para os 33,3 em 14 dias por milhão de habitantes.
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Em apenas uma semana, a taxa de positividade aumentou 49% para os 20,1% e com tendência crescente. É um valor cinco vezes superior ao limiar definido pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). Explicado pela diminuição no número de testes realizados após a alteração de regras.
Quanto aos óbitos, estão agora nos 33,3 por um milhão de habitantes, sendo que a libertação total da sociedade depende do indicador baixar os 20/milhão.
Os dados constam do relatório das Linhas Vermelhas libertado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Que confirma, como o JN noticiou no início desta semana, a inversão de tendência de descida do R: à exceção do Norte (onde também está a subir), todas as regiões estão agora acima de 1.
Voltando à positividade, o que a taxa nos indica, então, é que um em cada cinco testes à covid é positivo, ou seja, que estamos a apanhar os casos sintomáticos, "deixando-nos numa situação desprevenida", explica ao JN o matemático Carlos Antunes. O que "à partida não é muito problemático se a suscetibilidade for baixa, o que ainda não sabemos, porque a linhagem BA.2 [da variante ómicron, agora dominante] invade a imunidade e consegue reinfetar".
Será, por isso, necessário esperar pelos próximos dias para "analisar a evolução dos casos graves e dos óbitos" e perceber "se a doença já está endémica e não causa grande risco", afirma o professor da Faculdade de Ciências de Lisboa. Apontando como explicação para esta subida da positividade "uma menor testagem [menos 45 mil testes face ao relatório anterior] e o fim do isolamento para os contactos de alto risco, o que faz com que os assintomáticos ou com doença ligeira acabem por não ser detetados".
R nos 1.04
Relativamente ao R, que mede a transmissibilidade do vírus, o INSA calculou um valor de 0,99 (0,78 no relatório anterior)- média a 5 dias (2 a 6 de março). Sendo que, de acordo com o relatório da curva epidémica também ontem divulgado pelo INSA, a 6 de março estava nos 1.04. "No comparativo europeu, Portugal apresenta a taxa de notificação acumulada de 14 dias superior a 960 por 100 mil habitantes [a 9 de março estava nos 1449 casos/100 mil] e R superior a 1, ou seja, taxa de notificação muito elevada e com tendência crescente".
Apesar da intensidade elevada da pandemia, a mesma apresenta uma "tendência estável, com o Norte a ser a única região em descida (-19%), com 731/100 mil, de acordo com as Linhas Vermelhas. Centro e Algarve apresentam tendência estável e Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo crescente - +14% e +10%, respetivamente.
Óbitos acima dos 80 anos
Ontem, como anunciado, a DGS divulgou o seu primeiro boletim semanal, mas com dados até 7 de março, segunda-feira. Passando a disponibilizar publicamente informação sobre os internamentos por faixa etária e por região.
Os dados acumulados a sete dias mostram que, no período de 1 a 7 de março, 67% dos óbitos foram registados na faixa acima dos 80 anos, que responde, também, por 45% dos internamentos. Já nos Cuidados Intensivos, o grupo 70-79 anos absorvia 26% dos internamentos, seguindo-se os 60-69 (23%) e os 50-59 (19%).