Um manifestante foi identificado pela GNR ao tentar invadir a refinaria de Sines da Galp. O protestante integrava um grupo de cerca de 9 pessoas que acabaram por ser expulsas do interior das instalações. Cerca de 100 ativistas ligados ao coletivo Climáximo organizaram, esta quinta-feira, uma ação de bloqueio da refinaria.
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O protesto teve início pelo meio-dia com uma marcha de três quilómetros a pé iniciada na Rotunda da Barbuda, em Sines. Os ativistas chegaram às instalações da refinaria por volta das 13.30 horas. À chegada, dividiram-se em dois grupos: um foi para o acesso que dá entrada aos camiões e outro para a portaria que serve de entrada e saída dos trabalhadores. Um grupo com cerca de 10 ativistas conseguiu aceder, sem autorização, às instalações, acabando expulsos do recinto. Um deles foi identificado.
Os cerca de 15 militares da GNR colocados na zona da portaria rapidamente impediram a progressão dos manifestantes e acompanharam-nos de volta ao exterior. Contactado pelo JN, Danilo Moreira, o manifestante identificado, disse que "como era um dos que estava mais para trás" foi agarrado por dois polícias e algemado. O objetivo do grupo que tentou entrar na unidade industrial era entregar panfletos aos trabalhadores e alertá-los para as alterações climáticas e para a importância da transição energética justa.
O manifestante referiu que não sabe "até que ponto está implícita uma questão racial". "Achei estranho. Estávamos várias pessoas a entrar mas fui o único a ser identificado e algemado. Eu era o único negro", prosseguiu. Danilo Moreira refere que não mostrou resistência, apenas tentou levantar-se para "continuar o seu caminho". Na sua opinião, tratou-se de "um comportamento discriminatório".
Contactada pelo JN, fonte da GNR de Sines nega qualquer ato de discriminação racial. "[Os manifestantes] foram convidados a sair e não saíram", disse ao JN o tenente-coronel João Fonseca.
A entrada principal foi bloqueada pelos protestantes às duas horas da tarde e, por volta das 16 horas, terão conseguido bloquear a outra entrada, referiu António Assunção, um dos organizadores da ação de bloqueio. António Assunção alega que a identificação de Danilo Moreira é mais uma prova de que "a luta pela justiça climática e a justiça racial estão interligadas".
Os organizadores dizem que a decisão de avançar para este bloqueio deve-se a "mais uma COP que falhou", o que não é de admirar pois essa instituição apenas "serve para defender o interesse do capital". À semelhança do que aconteceu noutros países, os ativistas "bloquearam a principal estrutura poluidora em Portugal". As fotos deste protesto foram divulgadas na página de Facebook do coletivo Climáximo.
Esta não é a primeira vez que o coletivo ambiental Climáximo organiza uma ação de desobediência civil. A 22 de maio, 26 ativistas foram detidos ao travarem o trânsito na rotunda principal do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.