Primeiro vieram à tona as rivalidades futebolísticas. Uns gritavam "SLB", outros ripostavam com gritos de "Porto". Depois foram as ondas e os vivas quando aparecia o nome da sua terra no ecrã gigante. Mas a verdadeira euforia acabaria por ser o concerto dos "Banda Jota", o grupo de música católica convidado para fazer a abertura da peregrinação e que, ontem à tarde, transformou o auditório Paulo VI num verdadeiro concerto de música pop/funk.
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Os cerca de 2500 jovens entusiasmaram-se a sério com a actuação da banda criada pelo padre Jorge Castela, 38 anos, responsável pela pastoral juvenil da diocese da Guarda. "Tive a intuição de que este veículo era importante para chegar aos jovens", disse, ao JN, explicando que o objectivo do grupo é "evangelizar os jovens" e animar as suas celebrações.
Com letras e músicas originais, as sonoridades são iguais às de outra qualquer banda pop. A diferença está nas letras que são "rezadas" e "pretendem levar as pessoas a pensar". "A ideia é dizer pouco de cada vez e nunca dizer tudo", explica o padre Jorge, um dos vocalistas da banda, hoje com 10 elementos, dois discos gravados, vários prémios arrecadados e responsável pela organização de um festival anual de bandas católicas.
A avaliar pela reacção da plateia, o objectivo da banda está alcançado. "É uma forma inovadora de comunicar a mensagem de Cristo e da Igreja", disse Luís Silva, madeirense de 25 anos a estudar Engenharia Informática em Coimbra. A participar pela primeira vez na peregrinação com um grupo de amigas, o jovem reconhecia que esta "é uma forma muito animada de estar em oração, a cantar" e que "a Igreja precisa deste tipo de iniciativas para cativar os jovens".
"Aqui vemos que há mais jovens como nós, que também acreditam", sublinhava Alexandra Teixeira, de 21 anos, também estreante no encontro.
Alguns duvidavam que conseguissem passar a noite em claro, como estava previsto no programa que incluía três vigílias, um espaço lounge, projecção de filmes e outro concerto. "Pela minha experiência, mais de 70% dorme", disse, ao JN, Cristina Cruz, 26 anos, que já teve uma experiência do género nas jornadas mundiais da juventude, em 2008, na Austrália.
Daniel Graça, 19 anos, que veio com um grupo de Pardilhó, Estarreja, garantia que não iria dormir. "Eu não quero perder nada do que se vai passar aqui. Se eu dormir, tenho de esperar mais um ano para ter esta experiência".
"É um fim-de-semana por ano, diferente de todos os outros. Um fim-de-semana com Maria, onde alimentamos a nossa fé", explica.
Também oriundo do Porto - a diocese com maior número de participantes, seguida de Braga - João Vivas, 26 anos, também tinha a certeza de que não ia dormir. "Pensámos que poderia ser uma coisa chata, mas este ambiente de convívio e festa já permite ver que vai ser uma coisa muito boa e que não nos vai deixar ter sono".
Vinda de Minas Gerais, no Brasil, com um grupo de 19 jovens para participar na Festa da Família, no Entroncamento, Lívia Duarte, 31 anos, tentava descansar as pernas depois de ter entrado no Santuário de joelhos. Uma experiência "única e explicável", dizia, mostrando-se encantada com o espírito de "comunhão" que viveu. "O melhor vinho sempre fica para o fim e aqui é o final da nossa viagem", disse, para explicar a experiência que em Fátima.