"Um quarto das escolas não teve condições para aplicar planos de recuperação", alerta FNE
Uma consulta feita pela Federação Nacional da Educação (FNE) concluiu que, durante o terceiro período, após o regresso ao ensino presencial, um quarto das escolas não teve condições para aplicar planos de recuperação. A FNE está preocupada com o possível fim do uso de máscaras no fim de setembro, até porque o Governo recusou reduzir o número de alunos por turma.
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Só no final do ano letivo, assegura a FNE, "milhares" de professores terão recebido os computadores no âmbito do programa de digitalização das escolas. Muitos "receberam na mesma semana em que também os tiveram de devolver", ou seja, sublinhou esta quinta-feira o líder da FNE, os docentes tiveram de pagar recursos para assegurarem o ensino à distância. Num balanço ao ano letivo, João Dias da Silva acusou ministro e equipa governativa de falta de soluções. "Não basta propagandear. São precisas medidas concretas", frisa.
Num ano esgotante, insistiu, o reconhecimento aos docentes não se devia ter reduzido "a mera retórica". Além da possibilidade de comparticipação nas despesas com aquisição de equipamentos e acesso à Internet, "que o Ministério da Educação sempre recusou discutir", a tutela também podia ter permitido como reconhecimento o acesso aos 5.º e 7º escalões de todos que reuniam os requisitos ou manter os horários incompletos e completos no concurso de mobilidade interna, defendeu João Dias da Silva. Em vez disso, sublinhou, de acordo com os dados da consulta, respondida por mais de 4000 profissionais, 61,3% dos docentes responderam não ter frequentado ações de formação relativas ao ensino digital e 27,9% assumiram ter pago para frequentar esse tipo de formação.
A FNE assegura que irá acompanhar o arranque do próximo ano letivo, nomeadamente lançando nova consulta. Uma das preocupações é o possível fim da obrigatoriedade do uso das máscaras fora das salas de aula no fim de setembro, até pelo número de alunos por turma não ter sido reduzido. A Federação defende um técnico de Informática por cada agrupamento, a redução do número de alunos por professor ("há docentes com 300 alunos") e mecanismos que facilitem a aceitação dos horários pelos professores, como a possibilidade de serem completados.
"Continuamos a ter alunos sem professores durante parte significativa do ano letivo", garante, acusando Tiago Brandão Rodrigues, em "funções há quase sete anos", de não apresentar soluções. Dias da Silva alerta que os milhões previstos na "bazuca" do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) devem ser "efetivamente disponibilizados para que as respostas cheguem a todos".
"O Governo tem a responsabilidade de criar as condições para escolas e professores responderem aos desafios", insistiu, referindo-se à execução do plano de recuperação das aprendizagens "Escola + 21/23".