Resposta hospitalar melhora face a dezembro. Rastreios ao cancro da mama estão em mínimos.
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Apesar da recuperação da atividade face a dezembro último, no primeiro trimestre deste ano 25% dos doentes com neoplasia maligna inscritos para cirurgia estavam já fora do tempo máximo de resposta garantido (TMRG). Ao nível dos rastreios oncológicos, desde 2014 que não havia registo de tão poucas mulheres com mamografia e papanicolau em dia.
De acordo com as informações disponibilizadas ao JN pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no primeiro trimestre deste ano foram operados 13 773 doentes oncológicos. Sendo que dos 5804 utentes com neoplasia maligna que aguardavam cirurgia no final de 2020, cerca de dois terços foram intervencionados nos primeiros três meses deste ano.
No que à lista de espera concerne, precisa a ACSS que dos 5675 inscritos, 75% estavam dentro dentro do TMRG, mais 4% face a dezembro de 2020. "Isto demonstra o esforço para a recuperação das respetivas listas por parte dos hospitais".
Relativamente aos rastreios oncológicos, em fevereiro contavam-se apenas 277 mil mulheres com registo de mamografia nos últimos dois anos, menos 41% face a período homólogo do ano passado. Quanto ao papanicolau, exame fundamental na prevenção do cancro do colo do útero, havia registo de 774 mil mulheres (-20%).
IPO do Porto recupera
Depois da quebra de 17% nas referenciações verificada no ano passado, que se traduziu em menos 1800 novos doentes face a 2019, o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto tem a sua atividade já ao nível de 2019. "Até abril deste ano, as referenciações subiram 22% face a 2020 e estão ao nível de 2019", revela o seu presidente, Rui Henrique. Até abril, o IPO tinha recebido 3482 novos doentes.
Confirmando o que há muito oncologistas vêm alertando: chegam àquele instituto doentes em estado mais avançado. Sendo que, explica Rui Henrique, "o efeito não é homogéneo, especialmente nas neoplasias mais agressivas, como o pulmão e o pâncreas". Aqui, explica, "a proporção dos que chegam em estado mais avançado é maior". Situação que ocorre já "desde o ano passado, poucos meses após a pandemia" e que tende a "normalizar face ao histórico" do IPO.
Relativamente à atividade cirúrgica, com quebras de 17% em 2020, neste ano o IPO do Porto soma já um acréscimo de atividade de 7% face ao ano passado. Com áreas como a Dermatologia a recuperarem 20%. Na mesma proporção subiram os "exames com intenção de diagnóstico", revela o presidente.