Nova composição do Parlamento tem surpresas como a estreia do deputado do JPP e de uma rapper.
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Entre as surpresas, o novo Parlamento vai ter uma rapper sentada na bancada do PS que promete defender os direitos das mulheres. A lei da paridade ainda está longe de ser cumprida – só um terço são deputadas em vez de 40%. Os jovens são cada vez menos desde 2015, uma tendência só contrariada pelo Chega – dos oito eleitos com menos de 30 anos seis são da bancada de André Ventura. Há caras novas e regressos, como o autarca de Vila Real, Rui Santos.
Estreias - Quase 50 caras novas no Parlamento
São, pelo menos, 47 as novas caras no Parlamento: 15 na AD, 15 no Chega, 11 no PS, 3 no IL, 2 no Livre, além do deputado do JPP. Na bancada do PSD, por exemplo, vão estrear-se três ex-secretários de Estado: Cristina Vaz Tomé (Saúde), Ana Isabel Xavier (Defesa) e Alberto Fernando da Silva Costa (Cultura). No PS, a rapper Eva Rap Diva (Eva Marisa Cruzeiro Alexandre) foi eleita pelo círculo de Lisboa.
Paridade - Apenas um terço são mulheres
Anteontem foram eleitas 77 deputadas, mais uma do que nas legislativas do ano passado, representam 34% dos 226 mandatos atribuídos já que ainda falta apurar os resultados da emigração. A meta definida na lei da paridade continua, no entanto, longe. O diploma, revisto em 2019, fixa em 40% o mínimo de mulheres ou de homens.
Só a bancada do Livre, com metade dos seis eleitos a serem mulheres é que respeita a paridade. A AD elegeu 29 deputadas (entre 86 mandatos), o PS 21 (58), o Chega 18 (58), o IL 3 (9), Paula Santos, do PCP, também regressa ao Parlamento, tal como Mariana Mortágua e Inês Sousa Real como deputadas únicas do BE e PAN.
Juventude - Oito abaixo dos 30, 6 são do Chega
Nas eleições de domingo foram eleitos oito deputados com menos de 30 anos (3,5% do total de mandatos), cinco são mulheres e seis são do Chega. Madalena Cordeiro (Chega), com 21 anos, volta a ser a mais jovem no Parlamento. A bancada liderada por André Ventura conta ainda com Lina Pinheiro (25 anos), Rita Matias (26 anos), Rui Cardoso (23 anos), Daniel Teixeira (29 anos) e Ricardo Reis (25 anos), ex-assessor político que ficou conhecido por fechar a conta no X depois de escrever, após a morte de Odair Moniz, “menos um criminoso, menos um eleitor do Bloco”.
A antiga presidente da Federação Académica do Porto, Ana Gabriela Cabilhas (28 anos) voltou a ser eleita pelas listas da AD. Já Sofia Pereira (25 anos), secretária-geral da Juventude Socialista, estreia-se no Parlamento.
Madeira - “Voz das ilhas” em estreia na AR
Foi uma das surpresas da noite: a eleição de um deputado do Juntos pelo Povo (JPP), primeiro partido de perfil regional – segundo nas eleições deste ano na Madeira (21% com uma bancada de 11 deputados) - a eleger um deputado na Assembleia da República. Filipe Sousa, de 60 anos, é o atual presidente da câmara de Santa Cruz e fundou o JPP com o irmão, Élvio Sousa. Na noite eleitoral prometeu ser a “voz das ilhas” no Parlamento.
Sem assento - ADN desce mas segura subvenção
Dos 11 partidos que não conseguiram eleger nenhum deputado, só o Ergue-te e o Nós Cidadãos subiram. O ADN, apesar de ter descido (de 102 mil votos para 78 914), como supera a fasquia dos 50 mil consegue manter a subvenção pública paga aos partidos. O RIR e a Nova Direita foram os que mais desceram.
Abstenção - Sardoal foi onde mais se votou
O Sardoal, no distrito de Santarém, foi o concelho com a abstenção mais baixa: 26,95%. “É algo que me deixa muito feliz, saber que este concelho não deixa a sua responsabilidade em termos de participação cívica por mãos alheias”, afirmou à Lusa o presidente da câmara, Miguel Borges (PSD). Em termos nacionais, a abstenção foi de 35,62%, a mais baixa nos últimos 30 anos, quando em outubro de 1995 ficou nos 33,70%.
Chega - Só nas ilhas partido teve menos de 10%
No Continente, Ribeira de Pena foi o concelho onde o Chega registou menor votação: 12,65%. Mais baixo só nas ilhas, no Corvo (9,5%) e em Porto Moniz (9,9%).