Mais de 60% dos diretores (62%) denunciaram no PISA que a falta de professores está a penalizar a resposta das escolas. O relatório, divulgado esta terça-feira, em Paris, também revela que cerca de um terço dos alunos portugueses assume que se distrai nas aulas com os telemóveis.
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Nos questionários do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), um quarto dos alunos portugueses assume que não ouve o que os professores dizem nas aulas, 34% distraem-se com “dispositivos digitais” (acima dos 30% de média da OCDE) e 25% distraem-se com outros colegas que usam dispositivos como telemóveis (na linha com a média do OCDE). No relatório PISA 2022, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico sublinha que nos países onde o uso do telemóvel é proibido nas escolas os alunos foram “menos propensos a relatar distrações”.
A questão do uso de telemóveis nas escolas voltou a ser colocada no início do ano letivo, após o agrupamento de Almeirim proibir os dispositivos no 1.º ciclo. O ministro da Educação pediu um parecer ao Conselho das Escolas que recomendou ao Governo que sejam as escolas, no âmbito da sua autonomia, a decidir, pois se há riscos também há vantagens, apontaram os diretores.
Mais do dobro queixam-se dos docentes
Em cerca de metade dos 81 países e economias da OCDE que participaram no Pisa em 2022, mais diretores queixaram-se da falta de professores em relação a 2018. Em Portugal, essa reclamação quase duplicou – há cinco anos 32% dos diretores denunciaram as dificuldades no recrutamento, no ano passado foram 62%.
Nos questionários, 62% dos diretores responderam que a capacidade das escolas para lecionar é prejudicada pela falta de professores, sendo que 27% consideram que o corpo docente é “inadequado” ou “pouco qualificado” (mais 4 pontos percentuais do que em 2018). Com as aposentações a atingirem números recorde, recorde-se, o Governo alargou a possibilidade de ingresso em mestrados em ensino a candidatos de outras áreas. E o número de licenciados sem mestrado a dar aulas nas escolas tem aumentado nos últimos anos.