Hospital sente a pressão da maior procura, mas ainda está a 95% da capacidade e "tem por onde crescer" antes de abrir mais enfermarias.
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Cerca de um terço dos profissionais de saúde do Hospital de S. João (HSJ), no Porto, estão a receber, este sábado, a segunda dose da vacina contra a covid-19. Outro terço completará a imunização no próximo sábado e restam cerca de 2600 por vacinar, por ainda não lhes terem sido distribuídas doses suficientes da vacina.
Em mais de quatro mil profissionais que já receberam a primeira dose, "só dois tiveram efeitos colaterais muito ligeiros, nada preocupantes", assegurou a diretora clínica do HSJ, Maria João Baptista.
Inoculado este sábado com a segunda dose, o assistente operacional do serviço de cardiotorácica Joaquim Neto diz que não sentiu "qualquer efeito secundário da vacina". A trabalhar no HSJ há 37 anos, acrescentou que o ambiente geral no serviço a que pertence é de serenidade, ainda que sintam os efeitos da pandemia "por estar apenas a 50% e metade das camas terem sido alocadas aos doentes covid-19". Já teve casos na família, nenhum entre os colegas, pelo que se sente "seguro a trabalhar no hospital" e nunca precisou de fazer qualquer teste de diagnóstico.
Fernando Araújo, presidente do Conselho de Administração daquele hospital, explicou que "a vacina não nos deixa descansar, vamos continuar a manter as medidas de segurança, com equipamentos de proteção, distanciamento social, etiqueta respiratória e higiene das mãos".
Os profissionais acusam cansaço, como relatou Maria de Lurdes Santos, coordenadora do serviço de Infecciologia, uma vez que "já é muito tempo de pandemia, muitas horas de trabalho adicional, sem nunca termos deixado de ter doentes, mesmo quando os casos aliviaram a nível nacional". O serviço "tem estado sempre cheio", por isso, admitiu, "não se sente sobrelotação". As medidas adotadas no âmbito do plano de contingência têm permitido trabalhar em "segurança e nenhum profissional foi infetado até ao momento".
De facto, de acordo com Fernando Araújo, a lotação do HSJ a nível de doentes covid-19 está em "95%, com 145 internados e 48 em unidade de cuidados intensivos". Mas apesar da "forte procura, está a ser dada a resposta adequada e há um ambiente de enorme estabilidade no acesso ao hospital", sem "qualquer reporte de situações de filas no acesso às Urgências".
Diariamente, são atendidas 345 pessoas nas Urgências, das quais cerca de um terço (120) são casos suspeitos de covid-19, que são testados no hospital, sem necessidade de recurso ao hospital de campanha montado à porta para piores cenários.
"O nosso plano de contingência prevê os cenários mais difíceis, mas ainda não estamos no ponto de ter de preparar novas enfermarias", explicou Fernando Araújo, adiantando que o HSJ está no nível dois de quatro do referido plano, que é avaliado diariamente.
De outros hospitais, nomeadamente de Lisboa, o HSJ recebeu "uma dezena de doentes", havendo espaço e disponibilidade para "receber outros".