Fundação Francisco Manuel dos Santos caracteriza forma como população residente em Portugal encara política nacional. Custo de vida, saúde e habitação são principais problemas apontados.
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Embora a frequência com que os portugueses são chamados às urnas seja cada vez maior, faltando três semanas para as quartas eleições legislativas em menos de seis anos, a instabilidade dos últimos tempos parece contrastar com o nível de debate político dos cidadãos entre amigos e familiares. O mais recente retrato da Pordata – base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos – inclui as perceções da população residente em Portugal. E um dado que salta à vista é o facto de mais de um terço nunca discutir política. Além disso, segundo o estudo centrado nos dados do Eurobarómetro, a imigração não está no topo das preocupações.
Como já noticiou o JN, a atualização do retrato da evolução das eleições portuguesas mostra que, desde 1976, apenas seis dos 24 governos concluíram o mandato. E, em conjunto, o PS e os partidos da AD reuniram mais de dois terços dos votos válidos em 14 legislativas. Além disso, sete em cada 10 residentes na União Europeia (UE) tendem a não confiar nos partidos, valor mais elevado no nosso país, onde oito em cada 10 pessoas revelam este sentimento.
Debate frequente em 10%
A segunda parte do retrato é sobre como a população vê a política e os problemas que a afeta, também no contexto europeu. Segundo dados do Eurobarómetro, 35% das pessoas em Portugal nunca falam de política com amigos e familiares. Só 10% o fazem frequentemente (a média europeia é de 23%). O trabalho de campo para este estudo decorreu de 10 de outubro a 5 de novembro de 2024.
Na análise aos assuntos que mais preocupam os portugueses, o custo de vida é o principal, seguindo-se os problemas na saúde e habitação. A imigração, segundo o inquérito europeu, é preocupação apontada só por um em cada 10 residentes em Portugal, enquanto em Malta, Alemanha e Países Baixos o assunto preocupa três em cada 10, e em Chipre metade dos inquiridos.
Na hora de escolher os dois problemas mais importantes, numa lista de 15, um terço dos europeus apontou inflação/custo de vida. Em 12 países, onde se inclui Portugal, é um problema prioritário. O seguinte é o da imigração, apontado por um em cada cinco inquiridos. Mas a diversidade é bastante notória. Em onze países, incluindo Portugal, a imigração preocupa, no máximo, 10% dos cidadãos. Em quatro países (Chipre, Países Baixos, Alemanha e Malta), é um problema prioritário para mais de 30%.
Defesa europeia
Já nos primeiros meses de 2025, os residentes em Portugal apontaram como principais prioridades para a UE áreas como economia, defesa e segurança, segundo o inquérito especial de inverno do Eurobarómetro (janeiro e fevereiro). Em concreto, 41% consideram que a UE deve dar prioridade à competitividade, economia e indústria, enquanto 39% apontam para a defesa e segurança. Estas prioridades centrais foram indicadas juntamente com a segurança alimentar e também a agricultura.