Foi ele que eternizou esta pergunta numa série de entrevistas que realizou para o jornal "Público": "Onde é que você estava no 25 de Abril?". E é ele, Baptista-Bastos, quem responde agora.
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"Estava a dormir! E depois o meu chefe (do já desaparecido vespertino 'Diário Popular'), Abel Pereira, acordou-me, eram umas dez da manhã. Quando cheguei ao jornal estavam lá quase todos os jornalistas". Uma história que diz já ter contado "tantas vezes".
Garante que sentiam que "alguma coisa ia acontecer, que estava alguma coisa em construção", mas não sabiam o quê.
Nessa altura, "almoçava todos os dias com Álvaro Guerra, à época jornalista do "República" (mais tarde escritor e embaixador) e ele não acreditava em nada".
O facto de terem sido Joaquim Furtado e Luís Filipe Costa a avançar com as notícias e a lerem os comunicados do Movimento das Forças Armadas (MFA) aos microfones do Rádio Clube Português deixou-o "mais ou menos convencido".
Armando Baptista-Bastos - BB, como é conhecido - foi apanhado pelo 25 de Abril aos 40 anos. Trabalhava no "Diário Popular", tendo iniciado a sua carreira no (também já desaparecido) "O Século". Tinha dois filhos e já era casado com a sua atual mulher, Isaura. Hoje tem dois netos e, embora já reformado do jornalismo, continua a "frequentar" jornais. Assina uma coluna no "Diário de Notícias". Desde 1959 que publica romances, ensaios e compilações de crónicas e reportagens que assinou ao longo dos anos.
Quarenta anos depois, diz que "não está nada satisfeito com isto". Chama-lhe um "país cheio de fome, com velhos ao abandono e jovens a fugir para o estrangeiro". Com "um primeiro-ministro rodeado de gorilas e um presidente da República que é o que se sabe".
"É uma verdadeira tragédia à portuguesa". E não afasta a hipótese de uma nova revolução: "é uma ideia que está sempre latente!", diz.