A Escola de Engenharia da Universidade do Minho (UMinho) acaba de lançar uma plataforma para decisores na área da resiliência das cidades. O CRISIS vai permitir aos profissionais da área avaliarem as suas competências e obterem formação online.
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O projeto, financiado pelo programa Erasmus +, conta com 400 mil euros até 2024 e envolve as universidades de Tessália (Grécia), Aberta Helénica (Grécia), de Nicósia (Chipre) e FernUniversität (Alemanha). Em Portugal, além da Universidade do Minho, também está envolvida a Universidade das Nações Unidas e a Comunidade Intermunicipal do Ave.
O CRISIS está orientado para quem ocupa cargos de topo, mas também de setores profissionais que tomam decisões em áreas como gestão urbanística e o planeamento urbano, os "Smart City Resilience Officers" (SCROs). "Para estas pessoas", assegura Isabel Ramos, investigadora do Centro Algoritmi e responsável pelo projeto na UMinho, "a questão não é se vão responder a uma crise, mas sim quando".
A resiliência das cidades envolve competências tão diversas como gestão de crise, análise de dados para apoio à decisão, identificação de risco, entre outras.
Bombeiros, engenheiros ou arquitetos com responsabilidade no planeamento urbano
A ferramenta de avaliação posiciona os profissionais relativamente a 20 destas competências, numa escala que vai de "básico" a "especialista". Podem ser responsáveis pela proteção civil de um município, bombeiros, engenheiros ou arquitetos com responsabilidade no planeamento urbano.
Os resultados são confidenciais e, em função deles, a ferramenta sugere ao profissional a formação que deve fazer. Os módulos de e-learning estarão disponíveis online através da própria plataforma.
"O conceito de "resiliência" vem da Engenharia e refere-se à capacidade de um material, depois de sujeito a uma pressão que o deformou, voltar à sua forma anterior", explica Isabel Ramos. "Contudo, o termo alargou-se a outras áreas das ciências sociais, humanas e da gestão. No caso das "smart cities", quando se fala de resiliência o que se pretende é que as cidades consigam absorver o choque e sobreviver, primeiro. Passada a crise, as condições podem ter mudado e a entidade resiliente deve ser capaz de captar essas novas condições e tirar proveito da situação", diz.
Num olhar sobre o recente terramoto na Turquia e na Síria, Isabel Ramos vê a quantidade de edifícios que não estavam preparados para suportar sismos, como exemplo de "falta de prevenção para uma crise que era fácil antecipar", mas diz que em Portugal os municípios têm planos de contingência. Todavia, o crescente uso de sensores produz grandes volumes de informação. "Mas, a partir de certo volume, mais informação não produz melhor decisão", alerta.