O apelo ao investimento entre os países da União Europeia foi deixado por Luís Montenegro e Emmanuel Macron, no último dia da visita de Estado do presidente francês a Portugal.
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A histórica relação entre Portugal e França deu esta sexta-feira mais um passo, no Porto, com Emmanuel Macron e Luís Montenegro a selarem um compromisso de investimento entre os dois países, sobretudo na área da Defesa, e com o presidente francês a abrir a porta a uma “forma inovadora de casamento” entre a Air France e a TAP, companhia aérea que o Governo português já manifestou intenção de privatizar.
No segundo dia da visita de Estado a Portugal, os dois governantes alinharam-se no discurso para apelar, não só à união entre as duas nações, mas também entre Estados-membros, com o objetivo de tornar a Europa mais coesa, competitiva, autónoma e independente das restantes potências mundiais, como os Estados Unidos ou a China.
Investir dentro de portas
Para tal, o primeiro-ministro defendeu que é necessário investir dentro de portas de forma coordenada e comprar materiais “uns aos outros”, dando como exemplo o acordo, assinado ontem, para a aquisição de 36 sistemas de artilharia franceses. Na mesma linha, Emmanuel Macron considerou que a compra de equipamento militar e o programa de aquisição de drones entre os dois países foi uma “semente” plantada, mas que há outras “razões fortes de interconexão” como na área energética ou da inteligência artificial. “Não quero depender de uma solução não europeia”, apontou o líder do Eliseu, ressaltando que a preferência europeia “não significa protecionismo”, mas que a Europa “aberta a todos os ventos, acabou” e que é preciso um “acordar geopolítico”.
“A luta da Europa é ser capaz de produzir mais e interagir mais, sem medos”, resumiu Luís Montenegro, no encerramento do Seminário Económico França-Portugal, no Palácio da Bolsa, perante uma audiência composta por 300 empresas das duas nações. Ecoando as palavras de Macron, o chefe de Governo português declarou que é preciso “anteciparmos o tempo” e “chegarmos mais rápido e mais cedo onde os outros também vão acabar por chegar”.
E se durante a tarde, o discurso dos dois governantes foi sobretudo virado para os empresários, com garantias de que ambos os países estão “de braços abertos” para investimentos cruzados, durante a manhã a Defesa dominou a agenda, após a assinatura de oito acordos bilaterais, na Câmara Municipal do Porto.
Tarifas são más para todos
Luís Montenegro voltou a reforçar que “é muito expectável” que Portugal antecipe novamente a meta dos 2%do PIB em Defesa, considerando que o investimento na área deve ser encarado como um “objetivo comum” da União Europeia. Questionados sobre as tarifas que os Estados Unidos querem aplicar sobre os produtos europeus, ambos concordaram que a Europa deve responder à medida, mas que “ninguém sai beneficiado” com as taxas.
“O que devemos tentar fazer, nas próximas semanas, é mostrar que não é uma boa decisão para os interesses geopolíticos e que seria mau para todos”, afirmou o presidente francês, que no início da semana esteve na Casa Branca.