Fundação não segue as últimas orientações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Coordenadores manifestam discordância, mas instituição não cede.
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A Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, deu indicações aos docentes para darem aulas à distância a partir do campus, o que constituiu um incumprimento das últimas orientações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). No âmbito do estado de emergência em vigor, os professores são obrigados a trabalhar a partir de casa.
A presidência da Fundação Fernando Pessoa (FFP), liderada por Salvato Trigo, determinou que as aulas no segundo semestre decorreriam "exclusivamente com recurso a ensino não presencial", com base nas recomendações do MCTES de 21 de janeiro. Contudo, exige que as aulas sejam dadas a partir do campus, como consta nas orientações de 14 de janeiro, quando o agravamento da pandemia levou o MCTES a substituir esta medida pelo teletrabalho.
Poucos dias depois, seis coordenadores de departamento e de ciclo solicitaram autorização a Salvato Trigo para os docentes lecionarem em regime de teletrabalho, "enquanto a situação de estado de emergência vigorar e não estiver garantida a presença dos alunos em sala de aula". Os subscritores dos e-mails, a que o JN teve acesso, argumentam que "não se vislumbra qualquer tipo de vantagem pedagógica" em dar aulas a partir do campus e questionam se não estarão a desrespeitar as normas vinculativas da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Em resposta, Pedro Reis, diretor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa, diz que, "na adequação das atividades letivas e não letivas presenciais à modalidade de ensino à distância, quem fica fora do campus é o estudante, não o docente, como decorre explicitamente, em geral, das recomendações do MCTES e, em particular, da recomendação de 21 de janeiro".
Pedro Reis seleciona partes das diferentes indicações dadas pelo MCTES, nos últimos tempos, para fazer valer a sua posição, em vez de seguir a recomendação mais recente, onde se lê que as aulas devem ser dadas em teletrabalho. Um docente, ouvido pelo JN, garante que a maior parte do corpo letivo está a seguir as indicações da Universidade Fernando Pessoa por receio de represálias, mas assegura que o "clima é de medo, indignação e suspeição".
Contactada pelo JN, a presidência da Fundação Fernando Pessoa optou por não se posicionar e por remeter para uma alegada resposta das direções académicas das unidades orgânicas, onde se lê que "estão a ser respeitados os condicionalismos legais e as normas da Direção-Geral de Saúde e cumpridas as recomendações no contexto das medidas extraordinárias do estado de emergência do gabinete do MCTES."