Alunos protestam, esta quarta-feira, em várias cidades e alertam para o facto de o abandono estar a aumentar devido às dificuldades económicas.
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A pandemia agravou as dificuldades de muitas famílias e há alunos no ensino superior a pôr em causa a continuidade nos estudos dadas as dificuldades em suportar os custos. Os estudantes saem esta quarta-feira à rua em vários pontos do país num protesto antipropina sob o lema "É hora de avançar, a propina tem que acabar!".
"É preciso acabar com as propinas porque são dos maiores entraves económicos e sociais do Ensino Superior", diz Nuno Marques, vice-presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. "A atualidade da vida dos estudantes e do ensino superior, após cerca de um ano desde o início do surto pandémico, revelam as fragilidades da situação económica e social e são inegáveis as dificuldades que os estudantes hoje atravessam", constata.
Gonçalo Silva, aluno da Universidade do Minho, umas das que se junta ao protesto em Braga, conta ao JN que a bolsa mínima costuma ser coincidente com o valor da propina mínima.
Segundo valores do ano passado, "a bolsa mínima foi 890 euros, o valor exato da propina". Este ano, o valor foi reajustado e "foi possível diminuir o valor da propina e manter o da bolsa o que, ao final do ano, representa 180 euros de poupança no orçamento das famílias". Mas "ainda há muito caminho para percorrer", afirma.
O problema das despesas com residências também será levado à manifestação. "As residências mantiveram o valor da mensalidade, mesmo nos meses em que os alunos não estavam alojados por causa do confinamento", lamenta Gonçalo Silva. Por outro lado, a pandemia obrigou as residências a diminuírem o número de camas e, por isso, mais alunos tiveram que optar por alugar um quarto. As universidades só dão apoio ao alojamento mediante a apresentação de comprovativos de renda e os estudantes denunciam que ainda da há muitos senhorios que não aceitam passar recibo, o que faz com que não consigam pedir os apoios.
"Assistimos a grande parte dos nossos colegas a abandonar este semestre, o ano ou, até mesmo, o curso por causa das dificuldades em sustentar todas as despesas", atira Constança Martins, membro da AE da Faculdade de Belas artes do Porto.
A manifestação acontece de forma descentralizada e a horas diferentes no Porto, Lisboa, Covilhã, Évora, Braga, Coimbra, Caldas da Rainha e Algarve.