Os estudantes universitários repudiaram esta quinta-feira a decisão de Luís Montenegro ter juntado o Ensino Superior e a Ciência numa pasta em comum com a Educação. O movimento estudantil acusa o primeiro-ministro de "desvalorizar" as duas áreas ao não manter a tutela.
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O Movimento Estudantil Nacional repudiou a decisão do primeiro-ministro "de não criar um ministério exclusivo para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, optando por incorporar estas áreas no Ministério da Educação". Na nova estrutura governativa, conhecida esta quinta-feira, os ministérios do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) e da Educação (ME) foram substituídos pelo novo Ministério da Educação, Ciência e Inovação. Ou seja, todas estas áreas voltam a estar sob a mesma tutela que estará a cargo do economista Fernando Alexandre.
Já na passada terça-feira os estudantes universitários enviaram uma carta aberta a Luís Montenegro para pedir uma audiência e apelar a que se mantivessem separados os dois ministérios, preocupados que o facto de todas estas pastas dependerem apenas de uma tutela possa colocar em causa projetos essenciais nas áreas do Ensino Superior e da Ciência, assim como metas definidas para 2030.
Para os estudantes universitários, a decisão de Montenegro demonstra "um claro desrespeito pela importância e especificidades" do Ensino Superior e "da importância estratégica da Ciência para o crescimento económico do país", pode ler-se num comunicado enviado às redações pela Federação de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), assinado em conjunto pelas várias federações académicas e associações de estudantes do país, que representam os quase 500 mil estudantes do Ensino Superior em Portugal.
Lembrando o papel fundamental do Ensino Superior no desenvolvimento nacional, os estudantes acusam o novo Governo de comprometer o futuro do país e de prejudicar "não só os estudantes, mas a sociedade no seu todo". O movimento associativo exigiu que o Executivo reconsidere a decisão para que possa ser dada a "devida prioridade" ao Ensino Superior.
Recorde-se que já durante o último governo social-democrata, de Pedro Passos Coelho, aquelas áreas estiveram sob a mesma pasta, na altura no Ministério da Educação e Ciência. Em 2015, António Costa separou os setores em dois ministérios.