Urge comparticipar testes às infeções sexuais, mas normas ficaram na gaveta
Normas clínicas elaboradas face ao aumento das infeções sexualmente transmissíveis não foram postas em prática.
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Face ao aumento das infeções sexualmente transmissíveis (IST), a Direção-Geral da Saúde (DGS) nomeou uma “task force” para desenvolver um plano estratégico. Foi em 2019. Veio a covid. Foi-se a covid. Foram elaboradas normas clínicas. Sem seguimento, garantem os médicos que participaram naquele trabalho. Que, esperam agora, idos a votos, se tire o dossiê da gaveta. Para que os testes, concretamente à clamídia e gonorreia, passem a ser comparticipados. E, assim, prescritos pelos médicos de família.
“É importante uma primeira abordagem pelos médicos de família e que pudessem pedir rastreios”, defende Cândida Fernandes, que integrou a “task force”. Para tal, diz João Borges da Costa, médico no Hospital de Santa Maria, urge avançar com as normas clínicas, que “ficaram na DGS”. Porque, diz o também professor na Faculdade de Medicina de Lisboa, “são a indução da melhor prática clínica na abordagem e tratamentos - definem quais os testes a pedir e quais os tratamentos mais adequados”. A partir das quais, diz, o Estado poderia decidir pela comparticipação ou não dos PCR. Diagnósticos que, vinca João Alves, que também fez parte daquele grupo, permitiriam “começar os tratamentos mais cedo e travar cadeias de transmissão”. Tanto mais que “as IST podem facilitar outras, nomeadamente o VIH”.