Seis sociedades médicas elaboraram um documento de consenso reforçando a importância e a segurança da vacinação contra a gripe. Para as pessoas com 65 ou mais anos recomendam a vacina da gripe de dose alargada, que tem sido administrada gratuitamente apenas nos lares de idosos.
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O artigo científico, publicado na revista Pulmonology, é da autoria da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), da Sociedade Portuguesa de Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica (SPDIMC), da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia (SPGG) e do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna (NEGERMI-SPMI).
Os autores entendem que a vacina de dose elevada, que contém mais vírus inativados, assegura uma maior proteção porque gera a produção de mais anticorpos. Nesse sentido, defendem que deve ser administrada gratuitamente a todas as pessoas com 65 ou mais anos e não apenas aos idosos que estão institucionalizados.
"No sentido de mitigar desigualdades, é importante que a vacina de dose elevada esteja igualmente acessível às pessoas idosas não institucionalizadas", refere o comunicado que apresenta o artigo.
As sociedades médicas concluem que a vacinação contra a gripe é a base do esforço para reduzir o impacto da gripe e suas complicações, especialmente em grupos de alto risco, como idosos, crianças pequenas, mulheres grávidas e doentes crónicos.
"Existem estudos que demonstraram que a vacinação contra a gripe reduz significativamente as hospitalizações e a mortalidade em doentes imunocomprometidos e em doentes com doenças respiratórias, como a DPOC, doenças cardiovasculares e diabetes. Estes grupos de alto risco devem ser vacinados anualmente e os profissionais de saúde devem garantir a prescrição oportuna", afirmam as sociedades médicas.
Vacinação dos profissionais de saúde
Quanto à vacinação dos profissionais de saúde, realçam que é fundamental dada a sua maior exposição ao vírus (risco de infeção) e ao risco de transmissão a doentes de alto risco.
"A vacinação destes profissionais confere múltiplos benefícios, tais como o controlo de infeções em ambientes de saúde, menor absentismo, redução da mortalidade e a promoção da vacinação pelo exemplo que representa", pode ler-se no comunicado emitido pelas sociedades médicas.
O artigo refere ainda que Portugal atingiu a meta da União Europeia de uma taxa de cobertura vacinal de 75% nas pessoas com mais de 65 anos, o que resulta da vacinação gratuita e de fácil acesso, das recomendações dos profissionais de saúde, da vigilância epidemiológica e das campanhas nacionais de sensibilização.
E conclui, assinalando que "para aumentar as taxas de cobertura vacinal são necessárias estratégias como uma maior literacia em saúde e uma maior acessibilidade e gratuidade das vacinas".