EMA deu luz verde à vacinação de crianças dos 5 aos 11 anos. Decisão dos peritos deve ser conhecida para a semana. Primeiras 300 mil doses chegam a 20 de dezembro, anunciou António Costa.
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A Comissão Técnica de Vacinação da Direção-Geral da Saúde (DGS) só deverá pronunciar-se sobre a imunização contra a covid-19 das crianças dos 5 aos 11 anos na próxima semana, mas as vacinas para este grupo etário - com uma dosagem três vezes inferior face às dos maiores de 12 anos - já estão asseguradas com a farmacêutica Pfizer/BioNTech.
A primeira remessa, de 300 mil doses, chega a 20 de dezembro e a segunda, de 462 mil, em janeiro, anunciou o primeiro-ministro, depois de a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter recomendado a vacinação dos 5-11 anos.
"Se vier a ser essa a decisão da Comissão Técnica de Vacinação, temos as condições necessárias para proceder à vacinação" das 637 907 crianças elegíveis, afirmou António Costa, no final da reunião do Conselho de Ministros, sem detalhar como decorrerá o processo.
A DGS esteve na quinta-feira à tarde reunida com a Comissão Técnica de Vacinação para analisar a imunização daquele grupo, mas a decisão só deverá ser conhecida na próxima semana, segundo referiu o primeiro-ministro. O encontro já estava marcado e visou dar continuidade ao trabalho em curso daquele grupo de peritos.
Ao que o JN apurou, também esteve reunido o grupo de trabalho a que a DGS pediu novamente opinião sobre a vacina nos menores e que inclui várias sociedades científicas, como as de Pediatria ou Infecciologia Pediátrica, bem como as ordens profissionais dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos. Estes especialistas também emitiram parecer aquando da vacinação dos maiores de 12 anos e vão fazê-lo novamente.
90,7% eficaz na doença
A EMA anunciou ontem que os benefícios de imunizar estas crianças superam os riscos, em particular nas que apresentem comorbilidades associadas a risco acrescido para a covid.
Mesmo com uma dose três vezes mais baixa, a eficácia é comparável à observada com a dose mais alta no grupo dos 16 a 25 anos, referiu a agência. No ensaio clínico, que envolveu cerca de duas mil crianças, a vacina foi 90,7% eficaz na prevenção de covid-19 sintomática (embora a verdadeira taxa pudesse estar entre 67,7% e 98,3%). Quanto a efeitos secundários, a EMA precisa serem muito semelhantes aos verificados nos maiores de 12 anos: dor no local da injeção, cansaço, dor de cabeça, vermelhidão e inchaço no local da injeção, dores musculares e calafrios. "Esses efeitos são geralmente leves ou moderados e melhoram alguns dias após a vacinação", sublinham.
Enfermeiros opõem-se
Apesar de a EMA garantir a segurança da vacina, o tema continua a ser delicado e divide especialistas, tal como aconteceu aquando da vacinação dos adolescentes. Ainda ontem, a Ordem dos Enfermeiros, num parecer enviado à DGS, opôs-se à vacinação deste grupo etário, "para já", defendendo "aguardar-se por uma maior evidência científica quanto aos custos-benefícios a médio e a longo prazo".
Em comunicado, sublinha que "os benefícios de saúde individuais decorrentes da vacinação de crianças saudáveis serão "limitados", face aos dados conhecidos até ao momento, e que, por isso, a prioridade se deve centrar na vacinação de pessoas adultas da forma mais célere possível".
Em oposição, no início da semana, ainda antes de a EMA se pronunciar, a Sociedade Portuguesa de Pediatria admitiu a imunização deste grupo etário, desde que provadas a eficácia e segurança da vacina na faixa dos 5-11 anos e se tal "permitir trazer normalidade à vida das crianças".