Sindicatos alertam que o concurso impede a evolução na carreira de milhares de profissionais.
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A distribuição de vagas para as categorias de enfermeiro especialista (1378) e de enfermeiro gestor (522) por região e hospital, publicada esta semana em Diário da República, está aquém das necessidades das instituições. Os sindicatos criticam o concurso que deixará de fora muitos enfermeiros que atualmente já exercem estas funções.
O despacho, que resulta do concurso aberto em novembro do ano passado, atribui 191 vagas para enfermeiro gestor em Lisboa e Vale do Tejo, 170 para o Norte, 93 para o Centro, 36 para o Alentejo e 25 para o Algarve. Para os especialistas, há 717 vagas em Lisboa e Vale do Tejo, 412 no Norte, 128 no Centro, 89 no Alentejo e 32 no Algarve.
Num olhar sobre as regiões sobressaem disparidades. No Porto, por exemplo, o Hospital de S. João tem seis vagas para enfermeiro especialista e 15 para gestor, enquanto o Centro Hospitalar do Porto tem 48 para especialista e 15 para gestor.
"O Hospital de S. João tem cerca de 300 enfermeiros de especialidade" à espera de regularizarem a situação na carreira, afirmou, ao JN, Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros. No Hospital de Gaia, adiantou, há 25 enfermeiros em funções de chefia e abriram 13 vagas. "As vagas abertas estão desajustadas das necessidades e isto vai criar muitos conflitos dentro das instituições", avisou.
Pedidos por satisfazer
No despacho, assinado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, lê-se que as vagas são abertas por proposta da Administração Central do Sistema de Saúde, depois de auscultadas as Administrações Regionais de Saúde. Porém, nem todos os pedidos foram satisfeitos.
Ao JN, fonte do Hospital de S. João admitiu que as vagas abertas na instituição não correspondem ao número que foi pedido.
Pedro Costa cita um estudo recente da Ordem dos Enfermeiros, que indica que há mais de 5 mil enfermeiros com especialidade fora da respetiva categoria. "Se o concurso tem 1378 vagas, um quinto dos profissionais vão continuar sem resolver a sua situação", diz.
Também o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses refere, em comunicado, que "o desenvolvimento profissional continua vedado a milhares de enfermeiros". E classifica de "inadmissível" a atribuição de apenas 32 vagas para enfermeiros especialistas nos cuidados primários de todo o país.