Miguel Pereira Gomes, presidente da associação ATE,diz que Portugal tem uma oportunidade única.
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Falta um ano para a conclusão da agenda mobilizadora Aliança para a Transição Energética, ATE, e o encontro no Porto serviu para debater e alinhar estratégias para o futuro.
Miguel Pereira Gomes, presidente da associação ATE, que gere o consórcio, apelou à mobilização dos parceiros para a continuidade do consórcio, em formato cluster.
“Acho que temos aqui uma oportunidade única, se calhar, de catalisar ou de transportar o resultado desta agenda numa estrutura que se mantenha e que permita que estas entidades todas funcionem, de facto, em ecossistema e sejam capazes de ter uma soma maior do que as partes”, afirmou, referindo que “a soma” não pretende “substituir nenhuma das entidades no seu papel”, mas funcionar como “matchmaking”. “Brincamos muitas vezes que vamos ser o Tinder do setor da energia, mas com um bocadinho mais de consistência e menos volatilidade nas relações. Temos de pensar global e que a velocidade é muito mais importante do que termos tudo e fazermos tudo sozinhos”, sublinhou.
José Manuel Mendonça, diretor do INESC TEC, fechou a conferência, indicando que foram cometidos “erros” no processo da transição energética em Portugal, mas que “foi notável o que se conseguiu” em termos de agendas mobilizadoras. Referiu que a ATE “definiu com ambição, envolvendo todo o ecossistema, priorizou o pragmatismo, trabalhou arduamente para ultrapassar constrangimentos e entregou e está a entregar ainda os resultados a que se comprometeu”. E ainda promoveu “debate público e abraçou um papel transformador”.
Destacou o facto do gestor do PRR se mostrar “otimista” com a “capacidade das agendas” e de a ATE “continuar a ser uma agenda modelo, que confirma a oportunidade para o país no papel de integração das energias renováveis como a única forma de atingirmos a soberania energética”. “Ainda ontem ouvi em Bruxelas que a Europa precisa de trabalhar afincadamente para a soberania energética. Essa falta é uma fragilidade brutal da Europa”, considerou, comentando: “Nós temos esta sorte incrível, Portugal e Espanha, do solar fotovoltaico, da eólica, hídrica de bombagem, etc., e é preciso dar passos para o armazenamento de baterias, hidrogénio como fator sazonal, de armazenamento sazonal. Tudo isto é complexo e sofisticado, e precisa de extração de conhecimento e gestão com grandes volumes de dados, através de génios digitais, IA e o tal novo quadro regulatório que permita testar novas soluções, serviços e abordagens tecnológicas”.
José Manuel Mendonça defendeu que, para levar avante esse desiderato, a ATE apresenta-se como “um cluster de competitividade para o país”. E completou: “Só posso dar os parabéns pelos excelentes resultados, agradecer o esforço de perseverança que tiveram e pedir mais porque o trabalho não está concluído. Isto foi sonhado em 2020, estamos em 2025 e o próximo passo é 2030”.
Rui Lameiras critica “alguns atrasos” e execução
O consórcio ATE tem um ano pela frente, até junho de 2026, e o balanço nesta altura, segundo Rui Lameiras, coordenador da Agenda ATE, é de “alguns atrasos” na resposta por parte de entidades competentes e aprovação de licenciamentos.
“O que acaba por impactar mais a execução da agenda é a demora na análise dos pedidos de alteração que foram submetidos às entidades competentes. Como Pedro Dominguinhos falou, estamos à espera e até fomos contactados pelo IAPMEI sobre uma possível formalização dos pedidos que foram efetuados, sendo que grande parte deles está há um ano para ser analisada”, afirmou Rui Lameiras, referindo ainda que “atrasos e desafios nos processos de licenciamento também têm impactado bastante. Alguns deles são os projetos mais paradigmáticos desta agenda”.
Salientou que a “execução física média” da ATE era “de 47% em março de 2025” e deverá atingir “55% em junho”. E descreveu como “indicadores extremamente importantes mais de 250 postos de trabalho criados, sendo que mais de 130 são altamente qualificados, mais de cem publicações técnico-científicas e 130 missões de internacionalização”. E “três registos de marca nacional, um registo de marca europeia e quatro pedidos provisórios de patentes”.

