Ministra da Agricultura ouviu representantes do Baixo Mondego e Setúbal, mas sem medidas. Marcada reunião com movimento para a próxima semana.
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Os agricultores protestaram esta sexta-feira, pelo segundo dia consecutivo, em estradas de norte a sul do país, exigindo ao Governo medidas e prazos concretos para receberem os apoios para fazer frente aos impactos da seca e do aumento do custo de produção. A ministra da Agricultura reuniu por videochamada com representantes do Movimento Civil de Agricultores das zonas de Baixo Mondego e Península de Setúbal, que saíram satisfeitos com o compromisso assumido nos encontros, embora sem respostas concretas. A garantia de um novo diálogo na próxima semana levou o movimento a defender, por agora, a suspensão do protesto.
Na margem sul do Tejo, agricultores dos concelhos da Alcochete, Moita e Montijo condicionaram os acessos à Ponte Vasco da Gama e o trânsito na A33. Perto das 12 horas, uma delegação de agricultores foi ouvida pela ministra, por videoconferência, na Câmara Municipal de Alcochete.
“Foi positiva, debateu-se uma série de temas pertinentes e que nos afetam neste momento. Há um compromisso por parte da sra. ministra de arranjar algumas respostas e de nos voltarmos a encontrar na próxima semana”, afirmou José Estêvão, um dos presentes no encontro, acrescentando que a reunião “pecou apenas por tardia”. O agricultor considerou que as garantias são suficientes para suspender o protesto, mas deixou a decisão nas mãos dos manifestantes.
Em Coimbra, os agricultores do Baixo Mondego mantiveram os tratores e máquinas na Avenida Fernão Magalhães, principal artéria da cidade, durante mais de 24 horas à espera de respostas da tutela ao seu caderno reivindicativo. Da discussão por videoconferência com a governante, que durou mais de duas horas, “conseguiu-se pouco", mas esperam que “fique tudo esclarecido” no encontro da próxima semana na região, afirmou, à RTP, João Grilo, um dos porta-vozes. Perante cerca de 200 manifestantes, o agricultor revelou que a ministra se comprometeu com a construção da barragem de Girabolhos, em Mangualde, (que tinha sido suspensa) e que Portugal, tal como França, também pretende a rever o acordo da União Europeia com o Mercosul. O JN pediu esclarecimentos ao gabinete de Maria do Céu Antunes sobre estas garantias, mas não obteve resposta.
Aos agricultores do Baixo Mondego a governante terá garantido que a barragem e Girabolhos será construida. Recorde-se que o Governo compensou em mais de 18 milhões de euros os municípios afetados pelo seu cancelamento. A ministra terá ainda acordado a criação de um observatório dos preços da produção de leite, cereais e hortofrutícolas para se saber em que ponto da cadeia fica a grande fatia do valor acrescentado.
Segundo a GNR, esta sexta-feira estiveram cortadas duas estradas e outras vias condicionadas ao trânsito em quatro distritos. Muitos manifestantes deram o benefício da dúvida à governante e regressaram a casa, como os fruticultores em Lamego (Viseu), que saíram à rua para denunciar as dificuldades em aguentar a subida dos custos de produção e os atrasos na abertura de candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural.
Na fronteira de Vila Verde de Ficalho, concelho de Serpa – onde a EN260 está cortada desde a madrugada de quinta-feira – e no acesso da EN109 às autoestradas A1 e A9, em Estarreja (Aveiro), os agricultores prometem não arredar pé até a governante ouvir as preocupações específicas das regiões.
Perante a ameaça dos agricultores pararem o país, o Governo decidiu acelerar o pagamento de alguns dos apoios ao setor já este mês. Há outras medidas que aguardam a aprovação em Conselho de Ministros, na próxima quinta-feira, e luz verde de Bruxelas.