Não há prazos para a retirada de propaganda eleitoral. A lei impõe regras na afixação ou colocação de material, mas é omissa no que respeita ao seu desaparecimento de locais públicos após os dias de votos. E se há exceções, nomeadamente no que respeita a candidaturas independentes, a maioria esquece outdoors, cartazes ou pendões. Por semanas ou para sempre. Já lá vão 13 dias após as autárquicas.
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O JN percorreu algumas cidades onde ainda são visíveis rostos e promessas. E ouviu responsáveis nacionais sobre a questão.
Líder parlamentar e porta-voz do PAN, Inês Sousa Real assegura que, até ao início da próxima semana, serão substituídas as lonas dos 19 outdoors e retirados os 120 múpis e os cartazes utilizados durante o período de campanha eleitoral.
"O ato eleitoral já passou. Não faz sentido continuar a ter propaganda eleitoral, pese embora a lei não obrigue à sua retirada imediata", sublinha. À exceção de um outdoor que foi alugado, os restantes 18 serão usados para divulgar a campanha Envolve-te!. "Queremos combater a abstenção não só nos atos eleitorais, mas também fora deles", explica.
Ato de responsabilidade
Coordenador autárquico nacional da Iniciativa Liberal (IL), Bruno Mourão Martins refere que as lonas dos outdoors começaram a ser retiradas logo no dia a seguir às eleições. Prevê que os restantes materiais de propaganda eleitoral sejam removidos no espaço de uma a duas semanas. "Vemos a política como um ato de responsabilidade. Não podemos deixar lixo visual nas ruas", afirma.
À semelhança do PAN, as lonas dos outdoors da IL, de que é exemplo o da rotunda junto ao NorteShopping, serão substituídas por outras mensagens, como a da TAP, em que contesta o Governo por "fazer voar o dinheiro dos contribuintes".
O Bloco de Esquerda também está a substituir as imagens dos candidatos às autarquias por mensagens políticas. "Não faz sentido deixar esses outdoors no espaço público, até do ponto de vista comunicacional", justifica fonte do BE. Quanto aos múpis, diz que são colocados e retirados por elementos do partido. Desconhece, no entanto, a quantidade de materiais utilizados, tal como o CDS-PP, o PCP, o PS e o Chega.
"O CDS-PP iniciou no dia seguinte às eleições a retirada de todo o material da rua, processo esse que ainda não está terminado", revela fonte do partido, que acredita que tal sucederá nos próximos dias.
PSD não se pronuncia
O PCP limita-se a confirmar que já foi iniciado o "processo de renovação da mensagem de propaganda", enquanto os socialistas dizem que "a responsabilidade é de cada uma das candidaturas locais, porque o PS não contratou nenhum fornecedor geral". O Chega diz que "os materiais já começaram a ser retirados".
Apesar das diferentes tentativas para contactar Hugo Carneiro, do PSD, tal não foi possível até ao fecho da edição. No entanto, em vários locais que o JN visitou ainda há muitos cartazes para retirar de candidatos deste partido. Citemos o exemplo de Lisboa: Carlos Moedas substituiu algumas lonas com uma mensagem de agradecimento, mas ainda se encontram outdoors onde "falta um dia" para mudanças. O mesmo acontece no Porto, com o candidato Vladimiro Feliz, e em Matosinhos, com Bruno Pereira.
No que respeita ao PS, Marco Martins, o socialista que renovou o mandato em Gondomar, já retirou grande parte da propaganda, tal como o socialista Eduardo Vítor Rodrigues em Gaia. Ambos têm, porém, dois cartazes esquecidos: o primeiro numa rotunda em Rio Tinto, o segundo na saída da Ponte do Infante. Posição mais próxima dos "poluidores visuais" tem a autarca reeleita em Matosinhos, Luísa Salgueiro.
Eleito recolhe
Em Ílhavo, João Campolargo (eleito para a Câmara pelo movimento independente "Unir para Fazer") foi para a rua na noite seguinte às eleições com uma equipa recolher o seu material de propaganda.
Retirados na véspera
Em Carrazeda de Ansiães, no dia de reflexão, a Autarquia, de novo nas mãos do social-democrata João Gonçalves, retirou todo o material de campanha depois de falar com outras candidaturas.