Áreas metropolitanas do Porto e Lisboa venderam mais 56970 títulos no início deste mês face a 2020. Há quase cem mil crianças e jovens a viajar nos transportes públicos.
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Está a crescer a procura pelos transportes públicos nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa no regresso ao trabalho e à escola. Nos primeiros dias deste mês, com o fim das férias, a venda de passes nas duas regiões aumentou cerca de 11,5% face ao período homólogo de 2020. No total, entre 1 e 9 de setembro, foram vendidos 553 312 títulos de transporte, mais 56 970 do que o registado no mesmo intervalo de tempo do ano passado. Quase cem mil crianças e jovens viajam nos transportes públicos das regiões.
Dos 553 312 títulos adquiridos até 9 de setembro, mais de 99 500 correspondiam a crianças e jovens em idade escolar. Mais de 20 mil foram vendidos no Grande Porto e de cerca de 79 mil em Lisboa. Também nestes títulos houve um crescimento face ao ano passado.
Ainda assim, os números continuam aquém dos valores pré-pandemia. Comparando os dados entre o início de setembro de 2021 e o início de setembro de 2019, foram vendidos menos 235 779 assinaturas. Na Área Metropolitana do Porto, entre 1 e 7 de setembro, foram adquiridos 131 838 passes, mais 11 422 face ao período homólogo do ano passado e menos cerca de 49 mil do que em 2019.
Já na Área Metropolitana de Lisboa, de 1 a 9 de setembro, compraram-se 421 474 títulos, um aumento de 45 548 vendas face a 2020 e uma quebra de 186 740 títulos em relação aos números registados há dois anos.
São necessários incentivos
Segundo a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), responsável pela mobilidade e transportes na Grande Lisboa, "a compra de passes tem tido crescimento, ainda que ténue, à medida que se vão conhecendo dados da evolução da pandemia que permitem aumentar a perceção de confiança junto das pessoas". A empresa crê que, "não havendo alterações de maior nos dados de saúde pública, a tendência gradual de aumento da procura vai-se manter". No entanto, a TML frisa que as consequências da pandemia têm, no setor, "um efeito de arrastamento", pelo que "é expectável que demorem vários meses até retomar os números de procura" de 2019". Os hábitos de "deslocação e trabalho foram-se alterando ao longo deste ano e meio".
"A diferença entre a compra de passes atual e a verificada pré-covid gera um défice bastante significativo entre receita e despesa que é preciso inverter e, simultaneamente, retomar o investimento na melhoria da qualidade dos transportes", disse ao JN. A TML destaca ainda que "é absolutamente necessário" retomar o "processo de incentivo da utilização dos transportes coletivos, da compra de passes, da redução do preço e do alargamento do serviço a toda a área metropolitana".
"É necessário incentivar um comportamento sustentável, associado à mobilidade coletiva, para convergirmos com os objetivos de redução de emissões de gases com efeito de estufa, de combate às alterações climáticas e de descarbonização com que o país e a região se comprometeram".
MAIS PASSAGEIROS
Entre abril e agosto deste ano, a Metro do Porto registou um aumento do número de validações comparativamente com o ano passado. No entanto, relativamente ao período pré-pandemia, a quebra na procura ronda os 43%.
À semelhança do Porto, também as validações na Metro de Lisboa aumentaram entre abril e agosto deste ano face ao mesmo período de 2020. Já comparando com os números antes da covid, houve menos 61% de validações.
STCP
Desde junho deste ano, a STCP registou um aumento da procura, que estima ser potenciado com o regresso às aulas e o retomar da frota máxima em circulação. Até julho, a empresa tinha transportado 26,3 milhões de pessoas. Trata-se de uma quebra de 41% face a 2019. Ainda assim, em agosto deste ano, a média de passageiros transportados nos dias úteis rondava os 156 mil, o equivalente a 75% dos registos de agosto de 2019 e a um crescimento de 6% face ao mesmo mês de 2020.
Carris
Este ano, até agosto, a Carris registou um aumento de 2,44% na procura face a 2020, transportando mais de 50 milhões de pessoas nos primeiros oito meses do ano. Ainda assim, face ao período pré-covid, a quebra é de 42%.