Militantes do Chega estão reunidos em Conselho Nacional para decidir sobre as presidenciais. O líder do partido deixou em aberto a candidatura, mas quer estar na segunda volta.
Corpo do artigo
O presidente do Chega, André Ventura, depois de explicar os motivos pelos quais não apoia nenhum dos candidatos presidenciais já conhecidos, deixou em aberto a possibilidade de o partido escolher, ontem à noite, em Conselho Nacional, se o queriam nessa missão ou se entendiam dever ser outro militante a avançar.
"Se entenderem que eu devo ir, aqui estarei. Se entenderem que não devo ir, aqui estarei na mesma, mas se entenderem que deve ser outra pessoa, também aqui estarei", rematou assim o seu discurso introdutório na abertura do Conselho Nacional.
Independentemente de quem os militantes escolherem, André Ventura, admitindo ter errado quando, no passado, pensou que podiam apoiar Gouveia e Melo, reafirmou que, como líder "do maior partido da Oposição", "não é ideal ser candidato nestas eleições", mas deixou uma certeza: "Temos que estar na segunda volta".
André Ventura é o 22.º candidato anunciado à Presidência da República, numa longa lista onde os nomes mais fortes serão os políticos Marques Mendes, António José Seguro, António Filipe, Catarina Martins e João Cotrim de Figueiredo, bem como o ex-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Alguns dos 22 candidatos já anunciados não deverão constar no boletim de voto, pois é habitual que haja desistências na fase de recolha de assinaturas. Entre os menos conhecidos estão empresários, professores, um taxista, uma "life coach" e ex-militantes dos partidos com assento parlamentar. Entre eles está André Pestana, professor que se notabilizou na liderança do sindicato STOP, de professores, ou o clássico calceteiro Vitorino Silva, Tino de Rãs.
Vitorino Silva já é um conhecido destas candidaturas, pois avançou em 2016 e 2021. Teve, respetivamente, 3,28% e 2,94% dos votos. Já André Ventura também não é uma estreia, pois candidatou-se em 2021. Na altura já era líder do Chega e ficou em terceiro lugar, com 11,9% dos votos. Ventura ficou atrás de Ana Gomes (12,97%), que prometera "dizimar", e de Marcelo Rebelo de Sousa (60,7%), que acabou eleito pela segunda vez.
Por causa do resultado das eleições presidenciais de 2021, Ventura acabaria por se demitir da liderança do Chega de forma a cumprir a promessa de demissão caso ficasse atrás de Ana Gomes. No entanto, apesar da demissão, recandidatou-se e foi eleito presidente do Chega com quase 100% dos votos.
Almoçou com rival
André Ventura almoçou com Henrique Gouveia e Melo no final de agosto, segundo uma informação avançada ontem pelo Público. O anfitrião do encontro e elo entre os dois candidatos foi Mário Ferreira, dono da Douro Azul e de várias empresas, entre as quais a TVI e a CNN Portugal.
O repasto aconteceu na Quinta da Carlota, perto de Torres Vedras, que é propriedade de Mário Ferreira. O empresário é conhecido apoiante e financiador da candidatura de Gouveia e Melo a Belém. Até ao momento, nenhum dos intervenientes no almoço falou do assunto.