Ventura escreve carta aberta a Rio: futuro passa "inevitavelmente" por Chega e PSD
O líder do Chega escreveu uma carta aberta a Rui Rio, presidente do PSD. André Ventura vaticina a queda do Governo PS e diz que o "futuro da governação" passa "inevitavelmente" por estes dois partidos de Direita. O objetivo é convidar o PSD a juntar-se à proposta de revisão constitucional do Chega, em apreciação no Parlamento.
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Ventura lembrou, num texto publicado no jornal I, que há "valores importantes" a separar o seu partido e os sociais-democratas. No entanto, acrescentou que a queda do Governo de António Costa "não deverá estar longe" e, nesse sentido, desafiou Rio e o PSD para "uma discussão séria e profunda" no quadro do pedido de revisão constitucional em curso.
"Escrevo-lhe, dr. Rui Rio, porque tenho consciência de que o futuro da governação em Portugal passará, inevitavelmente, pelos nossos dois partidos. E, nesse sentido, o projeto de revisão constitucional do Chega é um elemento decisivo para qualquer plataforma", argumentou o deputado único do Chega.
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O objetivo, continuou André Ventura, é construir "uma plataforma comum de ação política" entre o partido de extrema-direita e os sociais-democratas, num momento em que "o PSD continua a ter dificuldade em afirmar-se como verdadeira alternativa ao PS e aparece muitas vezes como a sua muleta".
Nesse sentido, Ventura recordou que, tendo o seu pedido de revisão constitucional sido aceite, na última sexta-feira, pelo presidente da Assembleia da República, "o PSD dispõe agora de 30 dias para submeter novas propostas e propor alterações". O JN questionou o gabinete de Rui Rio sobre esta proposta, mas o líder do PSD mantém-se em silêncio.
Chega quer facilitar futuras revisões da Constituição
O parlamentar afirmou que ele e o seu partido estão "completamente abertos" a discutir propostas de revisão constitucional com o PSD, desde que o conteúdo das propostas do Chega "não seja desvirtuado". Ventura sublinhou ainda que nunca aceitará ser "muleta" de qualquer Governo do PSD.
O Chega, recorde-se, avançou com medidas como a castração física de pedófilos ou a eliminação de um artigo da Constituição que estabelece um conjunto de 14 parâmetros a que qualquer pedido de revisão tem de obedecer. Entre eles, conta-se a "forma republicana de Governo", a "separação das Igrejas do Estado", os "direitos, liberdades e garantias dos cidadãos" ou os direitos sindicais e dos trabalhadores.
O processo de revisão constitucional do Chega está dependente do apoio de outros partidos. Na sexta-feira, o JN apurou junto de fonte parlamentar que as propostas do partido de Ventura deverão ser apreciadas e chumbadas pela comissão eventual de revisão entretanto formada, uma vez que não deverão ter acolhimento.