
André Ventura, líder do Chega
Gonçalo Delgado / Global Imagens
O presidente do Chega, André Ventura, faltou a todas as sessões da Assembleia Municipal (AM) de Moura no ano passado. Ventura é o primeiro eleito do Chega naquele órgão, mas desde o início do mandato só esteve em duas das 15 sessões e uma delas foi a tomada de posse.
Primeiro não queria ser candidato nas autárquicas; depois recuou e candidatou-se à AM de Moura; e por fim nunca mais apareceu. André Ventura não é visto nas sessões da AM de Moura desde 28 de dezembro de 2021, tendo faltado a todas as reuniões de 2022.
O JN analisou as atas da AM de Moura desde o início do atual mandato, onde se pode ver que o líder do Chega esteve presente na "instalação dos órgãos autárquicos" (tomada de posse), a 16 de outubro de 2021. Nesse ano, esteve ainda na discussão do Plano e Orçamento, a 28 de dezembro, mas faltou à sessão do dia seguinte, 29 de dezembro, tal como faltou a 25 de novembro. Em ambas foi substituído pelo sétimo da lista, uma vez que o Chega elegeu seis membros em Moura nas autárquicas de 2021.
No ano seguinte, em 2022, realizaram-se 11 sessões da AM de Moura e André Ventura não esteve em nenhuma. De acordo com as atas, a 28 de abril, 29 de junho e 10 de novembro não se fez substituir e o lugar do eleito do Chega ficou vago. "Nas restantes sessões, por motivos profissionais, o eleito em causa evocou o regime de substituição", confirmou ao JN o presidente da AM, José Velez. Entre essas sessões está a da discussão do Plano e Orçamento de 2023, o documento mais importante da política municipal.
Valores "defendidos"
Ao JN, André Ventura justificou as ausências com o trabalho político nacional: "Como é sabido de todos, as eleições legislativas do ano passado, a reorganização do partido como a terceira força política nacional e, mais recentemente, o cenário de uma possível queda do Governo para breve, obrigaram-me a uma presença permanente na Assembleia da República".
O líder do Chega acrescenta que, mesmo não estando presente, está "em constante contacto" com quem o substitui e, por isso, "os valores do Chega e as necessidades dos munícipes de Moura são defendidos de forma séria e eficaz".
Abdicou de 137 euros
Mal foi eleito, André Ventura prometeu abdicar "com enorme desapego e entrega" dos "salários e abonos da autarquia". Só que, como eleito para a AM, não tem direito a salário. Tem apenas direito a uma senha de presença de 68,88 euros. Assim, até agora, Ventura abdicou dos 137,76 euros referentes às duas sessões em que esteve. Ao JN, confirmou que cumpriu: "Nunca recebi um cêntimo de senhas de presença porque recusei receber".

