O presidente do Chega, André Ventura, lançou suspeitas sobre o processo eleitoral nas comunidades portuguesas no estrangeiro. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) descarta qualquer tentativa de "desvirtuar o resultado" das legislativas de 10 de março.
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Foi no sábado à noite, enquanto discursava no comício da campanha do Chega, na Figueira da Foz, que André Ventura alegou estar em curso uma tentativa para "desvirtuar o resultado" das eleições legislativas, referindo que estariam a ser anulados ou condicionados os votos do seu partido.
O líder do Chega disse ter relatos de comunidades portuguesas emigrantes de que existem boletins de voto que "não chegaram" ou "parece que só chegam a alguns e não chegam aos outros". Com este "boicote ao voto" sairiam beneficiados o PS e o PSD, sugeriu.
Mas as dúvidas foram afastadas pela CNE, que se escusou de comentar as denúncias de Ventura, esclarecendo apenas não ter recebido nenhuma queixa sobre qualquer tentativa de "desvirtuar o resultado" eleitoral do próximo dia 10 de março.
Questionado pela Lusa, o porta-voz da CNE, Fernando Anastácio, afirmou não ter nota "de qualquer queixa entregue" e de não existir em curso qualquer investigação ou inquérito sobre a matéria. Aliás, a CNE só foi confrontada sobre tais casos pela comunicação social, referiu o responsável.
O discurso de Ventura foi criticado pelo porta-voz do Livre que, em campanha por Sintra este domingo, alertou para a "cartilha do costume da extrema-direita" quanto à fidedignidade das eleições.
"Primeiro falaram dos votos como se já tivessem os votos no bolso, anunciarem resultados que não têm e tem sido assim em todas as eleições, com uma desonestidade intelectual flagrante, e depois quando percebem que não vão ter esses votos porque há uma mobilização e os portugueses não querem um país dividido, com discursos de ódio, querem um país de progresso e de cordialidade em que juntos avancemos para o futuro, colocam em causa a fidedignidade das eleições", defendeu Rui Tavares, em declarações aos jornalistas.
A estratégia de atacar o processo já não é nova: assemelha-se à utilizada por outros líderes políticos caracterizados pelos seus discursos e argumentos populistas, como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que também alegaram manipulações dos processos eleitorais. Esse aviso foi deixado por Tavares, afirmando que, no caso daqueles dois países, a situação acabou "mal".