O líder do Chega, André Ventura, anunciou este domingo que vai apresentar uma moção de confiança ao partido, um dia depois de o deputado Gabriel Mithá Ribeiro ter admitido desfiliar-se e manter o lugar no Parlamento. Argumentando que o Chega tem hoje "uma fação" que quer um discurso "menos agressivo", Ventura pretende reforçar ainda mais o seu peso junto das bases. Admitiu vir a conversar com Mithá Ribeiro para tentar resolver o diferendo, mas recusou as "pré-condições" que o deputado lhe apresentou por escrito.
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"Não gosto de fingir que não há questões", afirmou Ventura, em Loulé, durante um evento da Juventude do Chega. Nesse sentido, informou: "Pretendo apresentar uma moção de confiança ao partido, a marcar de forma urgente, onde todos possam participar e ter a sua posição para definir se este é o caminho que querem".
Em concreto, André Ventura referiu que a "fação" que o contesta - e que o líder do Chega acredita ser minoritária - considera o discurso do partido "agressivo e assertivo demais". Ventura revelou ter sentido resistências internas a propósito da moção de censura ao Governo ou da "nossa ação para com Augusto Santos Silva", o presidente do Parlamento, que tem entrado em colisão com o Chega.
Não viu alegada agressão
O líder do partido alegou que os seus críticos preferem um estilo de oposição "mais parecido com o do PSD ou da IL". Contudo, garantiu que nada mudará: "Não é essa a minha forma de fazer política nem nunca foi a do Chega", frisou.
Ainda assim, Ventura reconheceu que o partido não é "imune" a casos "como o episódio protagonizado pelo professor Mithá Ribeiro". Este tipo de situação surge, a seu ver, porque o Chega cresceu "demasiado rapidamente". Em outubro, após o Constitucional considerar que os estatutos do partido eram ilegais, Ventura demitiu-se, sendo reeleito em novembro.
Mithá Ribeiro decidiu deixar a vice-presidência do Chega na semana passada, depois de Ventura lhe ter retirado a coordenação do grupo de estudos do partido. No sábado, disse ter entregue um texto "claríssimo" ao líder do Chega, onde coloca as suas condições. Mas avisou: "Irei manter o mandato [de deputado] até ao fim, dentro ou fora do partido", abrindo caminho a ficar como deputado não inscrito, como outros fizeram anteriormente.
Ventura garantiu que não negoceia com base em "pré-condições", embora tenha revelado "abertura para conversar". Ainda que Mithá tenha referido que a sua saída revelou "falta de confiança" da parte do líder, este alegou que "a unidade não está posta em causa".
O conflito entre Mithá e Chega poderá ter sido agravado por uma alegada agressão do deputado Bruno Nunes, que Mithá ainda não confirmou nem desmentiu. Questionado, Ventura disse não ter assistido, garantindo que não tolera violência. O JN tentou ouvir Mithá mas não teve resposta.