André Ventura anunciou, esta segunda-feira, que o Chega votará contra um Orçamento da Aliança Democrática caso Luís Montenegro mantenha a intransigência em negociar: "Se não houver nenhuma negociação isso é humilhar o Chega e votarei contra".
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O presidente do Chega referia-se a um eventual Orçamento Retificativo para este ano, mas também ao Orçamento do Estado para 2025. Questionado esta segunda-feira, numa entrevista na TVI, sobre se apresentará uma moção de rejeição, Ventura esclareceu: "Não. É mais a questão orçamental".
André Ventura entende que um eventual Orçamento Retificativo "será um teste" ao apoio parlamentar de Luís Montenegro, e reafirma que votará contra: "Isto é espezinhar um milhão e tal de eleitores. Qual é o ego, a obsessão, a soberba, o problema de se chegar a uma convergência como em Itália?"
O Chega está "disposto a fazer cedências", acrescentou o líder, exemplificando com a possibilidade de abandonar a proposta da prisão perpétua a troco do subsídio de risco das forças de segurança. Assim queira Luís Montenegro, que na noite eleitoral reiterou que o "não é não". Para o Chega, um acordo "é decisivo".
Do lado de Ventura, diz o líder do Chega, pouco mais há a fazer: "Eu já fiz tudo o que era possível para explicar ao PSD e dizer que nos ajudem a criar um Governo estável. Mais, só se me humilhar". Apesar disso, há propostas de que o Chega não abdica, nomeadamente "a das pensões" que é "essencial".
Numa entrevista quase toda ocupada por cenários de governação, André Ventura disse esperar que Luís Montenegro apresente um Orçamento Retificativo pois "votou contra este orçamento" e "governar com o orçamento do PS seria uma traição".
Num cenário de Orçamento Retificativo, "se a AD não quiser fazer um acordo com o Chega então tem que tentar um entendimento com o PS", disse Ventura, que recusa a ideia de fazer cair o Governo da AD: "Não é o Chega que fará cair o Governo, é a AD. Então nós estamos disponíveis para negociar e nós é que deitamos abaixo o Governo? Luís Montenegro, nesse dia, demite-se de governar".
Putin é "criminoso e terrorista"
André Ventura foi ainda questionado sobre o posicionamento do Chega face à guerra da Ucrânia, num momento em que vários líderes da extrema-direita europeia têm manifestado proximidade com Vladimir Putin, como o italiano Matteo Salvini, que é da mesma afiliação europeia que o Chega. "Putin é um criminoso e um terrorista e devemos fazer tudo para apoiar a Ucrânia", asseverou Ventura.
Sobre Salvini, próximo de André Ventura e que também afirmou ser "amigo de Putin", o líder do Chega respondeu assim: "Pode ser, mas Salvini acolheu mais migrantes da Ucrânia do que muitos países apoiados pela Esquerda e extrema-esquerda". Para depois finalizar que o Chega vai "apoiar a Ucrânia em tudo o que puder".