André Ventura, líder do Chega, voltou a sentir-se mal, esta quinta-feira, quando falava aos jornalistas numa ação de campanha em Odemira. Após ter sido avaliado no Hospital de Santiago do Cacém, foi transferido para o Hospital de Setúbal para fazer um cateterismo.
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André Ventura participou numa arruada do partido em Odemira e, cerca das 11.55 horas, quando falava aos jornalistas, sentiu-se mal e foi levado por elementos da segurança e do partido para uma viatura até à chegada de uma ambulância do INEM, cerca de seis minutos depois. Após ser assistido no local, foi transportado para o centro de saúde de Odemira.
Por volta das 13.48 horas, Ventura foi transportado de ambulância, acompanhado de médico e enfermeiro, para o Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, com um veículo da GNR à frente, as viaturas do partido e, a fechar a comitiva, outro automóvel da Guarda, observou a agência Lusa no local.
Deu entrada no hospital pelas 14.42 horas, tendo sido retirado da ambulância de maca. À frente dos jornalistas estavam três seguranças, um deles com o casaco do fato levantado acima da cabeça, para tapar as imagens dos jornalistas. Contudo, observou a Lusa no local, foi possível ver André Ventura deitado na maca, consciente e com um monitor em cima das pernas, enquanto era levado para o interior da unidade hospitalar.
Pelas 16 horas, Armindo Ribeiro, diretor do Serviço de Urgência do HLA, indicou aos jornalistas que André Ventura "está estável" e, uma vez que teve "um segundo episódio de dor toráxica, optamos por contactar o Hospital de Setúbal e vai fazer um cateterismo" por "precaução". Trata-se "de um exame para analisar se existem lesões nas artérias coronárias", explicou, referindo que no hospital de Santiago do Cacém "não há serviço de Cardiologia, apenas um médico cardiologista para realização de consultas".
André Ventura entrou de maca na ambulância dos bombeiros de Santiago do Cacém que saiu do hospital pelas 16.43 horas com destino a Setúbal, num percurso de cerca de 100 quilómetros. Chegou ao Hospital de S. Bernardo uma hora depois.
"É um contratempo"
Pouco antes de ser transferido para o Hospital de Setúbal, André Ventura publicou uma mensagem nas redes sociais. "É um contratempo e uma dificuldade. Não nos vai mandar abaixo. Continuem...continuem!!! Portugal é muito mais importante, é este país que nos move", escreveu na legenda de uma fotografia onde surge numa cama do hospital.
Recorde-se que, na terça-feira, o líder do Chega sentiu-se mal durante um jantar comício em Tavira, tendo passado a noite internado no Hospital de Faro, devido a um espasmo esofágico que resultou da ingestão de água fresca. Na manhã de quarta-feira teve alta “apenas com recomendação de repouso e vigilância”.
Marcelo espera que Ventura "tenha juízo"
O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, desejou que o presidente do Chega "melhore e tenha juízo", referindo que o contactou no dia em foi hospitalizado e lhe recomendou que tivesse precauções.
Num momento de resposta a perguntas dos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, o presidente da República foi questionado sobre a notícia de que André Ventura tinha voltado a ser retirado da campanha eleitoral por elementos do seu partido devido a uma indisposição. "Eu falei com ele depois do primeiro acidente de saúde [na terça-feira à noite], contactei-o por WhatsApp, eu estava com o rei de Espanha e com o presidente italiano, e depois ele telefonou-me a agradecer", relatou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado referiu ter recomendado ao presidente do Chega "que devia ter precauções, e não lançar-se imediatamente, sem ser com precauções, não se expondo muito num dia que ia ser, logo a seguir, muito quente, muito intenso". "Espero que recupere, melhore e tenha juízo", acrescentou.
A este propósito, Marcelo alertou para "o calor que era previsível que viesse" hoje e disse conhecer por experiência própria "o cansaço acumulado, o stresse" que as campanhas eleitorais provocam nos candidatos, que "as pessoas abraçam, beijam, apertam". "Em todas as campanhas acontece, mas uma campanha como esta, muito longa, e muito intensa na rua, aumenta a probabilidade de a pessoa se sentir menos bem", considerou.
O presidente da República mencionou que "isso já motivou noutro líder partidário também um problema de tensão, de arritmia", numa alusão ao internamento hospitalar, durante algumas horas, do presidente do PSD e atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, no fim de março.
Em resposta aos jornalistas sobre o episódio ocorrido hoje com André Ventura, Marcelo abordou especificamente a condição de refluxo gastroesofágico, atribuída como causa da hospitalização do presidente do Chega na terça-feira à noite. Segundo o chefe de Estado, "as pessoas minimizam muito, acham que é apenas um refluxo esofágico e tal", mas em certos casos "a pessoa acha, sobretudo se for hipocondríaca, e se for sob stresse grande, que pode ser mais do que isso, pode ser cardíaco, pode dar pico de tensão, pode dar outro tipo de perturbações".
Pedro Nuno deseja "recuperações rápidas"
Num almoço comício em Paços de Ferreira, no distrito do Porto, que reuniu ao início desta tarde quase mil pessoas, à entrada do qual Pedro Nuno Santos foi questionado sobre a nova indisposição de André Ventura. “Troquei mensagens (…) Desejo as recuperações rápidas, as campanhas são duras, são intensas e nós temos que respeitar isso”, respondeu o líder do PS.