Turismo, hotelaria e restauração criam milhares de vagas. São os mais jovens quem preenche as oportunidades de emprego sazonal.
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O verão está a gerar um aumento considerável nas vagas disponíveis de trabalhos temporários em todo o país. Jovens estudantes e imigrantes são quem mais preenche as ofertas de emprego sazonal, com setores como restauração, turismo e comércio a serem dos que têm mais vagas de trabalho neste período do ano.
O JN ouviu três empresas especializada em recrutamento e gestão de talento que, no seu todo, preveem a abertura de mais de quatro mil oportunidades durante este período de alta demanda. As regiões de Lisboa, Porto, o Algarve e outras zonas costeiras, que têm uma maior afluência de turistas durante as férias, são as que concentram o maior número de oportunidades de trabalho temporário nesta época do ano.
O turismo, hotelaria, restauração, comércio, bem como a agricultura, mantêm-se os setores que mais reforçam as equipas no verão. As funções mais procuradas, segundo as empresas, incluem empregados de mesa e de bar, ajudantes de cozinha, rececionistas, nadadores-salvadores, animadores turísticos, trabalhadores em eventos e assistentes de loja.
Aníbal Martins, diretor do centro de talentos da Randstad Portugal, nota que a empresa registou um crescimento superior a mil profissionais contratados em comparação com o mesmo período do ano anterior, diretamente ligado à “consolidação da retoma do setor do Turismo”, bem como à “previsão de um número de visitantes superior” ao registado em 2024. Mas também devido à realização de grandes eventos e festivais por todo o país, que gera necessidades acrescidas, sobretudo na hotelaria e restauração, nota.
Já Vanda Santos, diretora de entrega e qualidade da Adecco, sublinha que estas oportunidades representam para muitos candidatos muito mais do que um emprego sazonal: são frequentemente “uma porta de entrada no mercado de trabalho, uma oportunidade de reconversão ou um primeiro passo numa nova carreira”.
As vagas atraem sobretudo jovens, nomeadamente estudantes universitários que procuram rendimento extra durante as férias, aponta a CLAN, que acrescenta que também um número significativo de candidatos estrangeiros, sobretudo na agricultura e hotelaria. Ainda assim, as condições de trabalho - contratos temporários, horários por turnos e fins de semana - reduzem a atratividade das ofertas.
No entanto, também há uma presença relevante de profissionais experientes, “que já conhecem o ritmo intenso da época alta e são valorizados pelas empresas por exigirem menos formação e adaptação”, sublinha Aníbal Martins.
Sem trabalho na área
Filipa Santos é um dos muitos exemplos de jovens licenciados que, após concluírem os estudos, se veem obrigados a procurar trabalho temporário fora da sua área. A jovem de 24 anos concluiu a licenciatura em Artes Plásticas na Universidade do Porto no ano passado. Após meses à procura, este verão conseguiu um contrato temporário de três meses numa loja de centro comercial em Vila Real, de onde é natural.
Apesar de continuar a fazer pequenos trabalhos e encomendas na sua área artística, Filipa conta que abraçou esta oportunidade “para garantir um rendimento mais estável” e também colocar algumas poupanças de lado para o mestrado.
Nesta altura, a lojista já se apercebe de um aumento no movimento, sobretudo com a chegada de emigrantes em férias. A experiência, até agora, tem sido positiva e, caso haja possibilidade de renovação do contrato, Filipa admite ponderar continuar. “A maioria dos meus colegas também está em regime temporário. Há uma grande rotatividade. Acredito que é a realidade de muitos jovens que procuram conciliar este tipo de trabalho com os estudos ou com outra atividade”.